você está lendo As minhas tardes ensolaradas com ela
Foto: Flickr/De Basee

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Poucos momentos em nossas vidas são marcantes a ponto de uma breve memória trazer um sorriso aos nossos lábios. Mas, com ela, as minhas memórias parecem ser infinitas.

Eu tinha R$ 7,50 no bolso – e era o suficiente, pelos menos para aquela tarde. Lembro de subir na minha bicicleta e parar na frente da casa dela, com o sol iluminando os meus olhos castanhos e fazendo aqueles olhos azuis parecerem o mais bonito dos oceanos, no qual eu mergulhava sempre que podia.

Com os cabelos amarrados e um sorriso dos mais encantadores, ela partiu comigo até o lago. Rimos tanto que nossas barrigas doeram! Eu, como um palhaço diante de sua mais difícil plateia, um bobo da corte de apenas uma menina, me esforçava para que ela chorasse de rir.

Nós tínhamos 16 anos – e éramos simplesmente invencíveis.

Desviando de carros, dando as mãos no meio de avenidas… Com ela, aquela selva de concreto não parecia nada amedrontadora. Na verdade, o minuto que me assustava era aquele em que nos sentávamos debaixo da árvore e ela me olhava, fixamente. Seus olhos me diziam tanto. A promessa de nunca esquecê-la ainda está fresca na minha mente, assim como a outra em que prometi que um dia fugiríamos dali, sem olhar para trás.

O meu bolso cheio de dinheiro nos rendeu dois copos de caldo de cana geladinho – que foram tomados em uma velocidade supersônica, numa corrida alucinante para ver quem terminava antes. Cantar uma música do Legião Urbana sob as luzes dos postes no caminho de volta parecia imprescindível.

Me lembro de você enrolando para me dizer tchau, me lembro de você assustada ao ouvir o seu pai te mandando entrar – “já está tarde!” – e ainda sinto aquele rápido beijo, os cinco segundos mais longos da história, como se o tempo tivesse de fato parado e estivéssemos em um filme de comédia romântica escrito pelo John Green – com uma lendária atuação de Zooey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt.

Temos que ter cuidado com o destino.
Hoje, as memórias me consomem… e somem.

Eu daria tudo para viver – ou reviver – um último pôr do sol com você.

 

Por Tiago Terci, 20 anos, Londrina (PR).
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