O amor que eu inventei

04 de fevereiro de 2013
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O amor não bate à nossa porta. Ele entra, bem devagarzinho, pela fresta esquecida da janela de madeira. Percorre lentamente seu caminho, desviando da estante e do sofá, chegando até a fechadura enferrujada do seu quarto. Acelera o coração. A gata se assusta. Então ele desce, rastejando pelo chão sem qualquer dignidade, e te encara, frente a frente, como se fosse pela primeira vez. Não adianta se esconder debaixo da coberta do passado ou praticar qualquer teoria de desapego. Conselhos nunca serão um motivo forte o suficiente. O final da história não existe até que ela efetivamente comece. Antes de dormir, agora, você faz planos. Todos eles se parecem por um único motivo. Pequenas pistas são deixadas no caminho.

Você está descalça. Seu cabelo está molhado e pingando. Algum tipo de descarga elétrica acontece a cada cindo minutos dentro do seu peito. Isso é raro. O tempo parou e a mesma música se repete desde o começo da manhã. As horas na frente do espelho se prolongam e o atraso é quase inevitável. Mais um pouco de perfume. Depois daquela esquina, na sala ao lado ou na próxima estação do metrô. É só mais uma possibilidade. Os fios se embolam dentro da gaveta. O nó na garganta não deixa a voz sair bem naquele exato momento. Antes das atitudes, as palavras, antes das palavras, os pensamentos proibidos.

Ao contrário do que dizem, o amor não tira o chão dos nossos pés. Ele nos ensina a voar mais alto. Não é muro. É pezinho. Se platônico, dói. Se recíproco, enlouquece. Até que se torne realidade, até que vire rotina e ocupe a maior parte do seu dia. As horas de solidão olhando para o teto se transformam em minutos de alegria e expectativa que serão sempre lembrados por fotografias encontradas em caixas no armário, anos ou meses depois. Não consegue enxergar? É sempre a mesma história. O final feliz, existe. Mas a cada página que você vira. Os livros preenchem a estante. Que por sua vez, ocupa a sala. Seu lugar preferido na casa. Desde que começou a ler sozinha.

Não existe certo ou errado. O melhor caminho é sempre aquele que te faz olhar ao redor e perceber os pequenos detalhes. As pegadas vão se apagando com a chuva. Por fim, você ainda consegue enxergar todas àquelas estrelas brilhantes no céu? Pois o sol vai nascer todo santo dia para te confundir um pouco mais. Um delas representa o que você sente, mas na verdade, agora, qualquer uma pode ser. No final das contas, a maioria delas só existe ainda dessa perspectiva. Tudo bem ter medo de estar perdida. Quando abrir os olhos amanhã, será um pouco menos complicado. O lobo mau não se importa com o tamanho do seu pé. Na verdade, ele só precisa de um pouco de atenção. Dê companhia a quem se importa e descubra o saída do labirinto.