você está lendo Três motivos para adorar o romance da Cara Delevingne – e um para não curtir

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Escrito pela modelo e atriz Cara Delevingne em parceria com Rowan Coleman, o livro Jogo de Espelhos acabou de chegar ao Brasil pela editora Intrínseca – e nós estávamos ansiosas para lê-lo! \o/ A estreia de Cara traz uma narrativa que fala sobre temas como amizade, bullying, segredos e identidade de um jeito fluido, que te envolve e te deixa com vontade de ler tudo de uma só vez! Finalizamos a história e encontramos três pontos muito legais para destacar… além de um não tão bacana assim. Vamos falar mais sobre? :)

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O livro tem uma edição muito bonita, com uma capa misteriosa e que aos poucos vai se revelando pra gente, juntamente com a história. São 302 páginas e algumas passagens vêm como mensagens de texto, fragmentos de posts em redes sociais, poemas e letras de música, o que dá uma quebrada no formato de texto padrão – e é bem legal.

Sinopse: Naomi, Rose, Leo e Red são adolescentes enfrentando aquela fase em que se relacionar no colégio é tão difícil quanto encarar os próprios problemas. Red tem uma mãe alcoólatra e um pai ausente; o irmão de Leo está na prisão; Rose usa sexo e drogas para mascarar traumas antigos e Naomi se esconde atrás de peruca e maquiagem pesada. Quatro adolescentes tão diferentes viram melhores amigos quando são obrigados a formar uma banda. O que era uma tarefa chata vira a famosa e popular Mirror, Mirror. Através da música, eles encontram um caminho para encarar o mundo de outra forma. 

Mas tudo desmorona quando Naomi some misteriosamente e é encontrada, dias depois, entre a vida e a morte. O acidente desestrutura a banda e, consequentemente, a vida de todos. A sólida relação de amizade que eles achavam estar construindo tinha uma rachadura, e tudo o que restam são dúvidas e vazios. O que aconteceu com Naomi? Foi um acidente ou um ataque? Por que ela fugiria e deixaria a banda para trás? Por que esconderia segredos dos seus melhores amigos? Para desvendar o mistério por trás dessa história, Red e os amigos entram em uma investigação que vai desenterrar seus próprios segredos obscuros e fazê-los confrontar a diferença entre o que eles realmente são e a imagem que passam para o mundo.

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Depois de ler a descrição do livro, a impressão é de que a história será uma daquelas que já conhecemos e vimos algumas vezes em livros, séries e filmes. Só que não é. Não demora muito para a trama do desaparecimento de Naomi nos envolver e fazer com que a gente entenda tudo o que está rolando com Red, protagonista da história. A partir deste ponto do post, cuidado, o texto pode conter spoilers!

  • Ponto positivo 1: as reflexões do personagem principal e a identificação

Red tem apenas 16 anos e levanta questões muito pertinentes. Quando sente raiva, por exemplo, a gente entende os seus motivos e também o que está atrás disso. Não é o sentimento pelo sentimento, sabe? Um exemplo forte da afinação que se cria entre leitor e personagem é que nós, por exemplo, não sabemos muito sobre o mundo das bandas de rock ou conhecemos a emoção de tocar bateria, por exemplo. Mas quando Red pega em suas baquetas e descreve o que acontece, a gente compreende e se sente igual. É como estivéssemos ali!

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  • Ponto positivo 2: a trama desconstrói preconceitos e paradigmas

A gente podia começar esse tópico contando sobre algo que acontece mais pra frente na história e que nos surpreendeu completamente – inclusive paramos a leitura e passamos um bom tempo procurando dicas a respeito disso nos capítulos anteriores. Algo como “como assim eu não vi?”. O pior é que não é um fato que não enxergamos por ter sido uma grande reviravolta na história, por exemplo. O ponto é que nós tínhamos alguns conceitos formados que nos fizeram pressupor algo que não era bem assim. E o pior é que não é pouca coisa! Esta acaba sendo uma das maiores lições do enredo.

  • Ponto positivo 3: as histórias pessoas dos personagens só acrescentam

Cada um dos integrantes da banda tem seus pontos fortes e fracos, suas vivências e seu jeito de ser. A gente consegue entender as trajetórias deles, ricas e plurais. Isso acaba deixando o livro ainda mais interessante, já que as histórias se cruzam em vários sentidos. Alguns capítulos estilo flashback, por exemplo, não são lidos como interrupções ou atrasos no enredo principal, muito pelo contrário. Eles dão ainda mais material para entender Red, Naomi, Léo e Rose.

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  • Ponto negativo: a amizade dos personagens fica frágil depois de um acontecimento

Sem muitos spoilers mais uma vez, só vamos citar por alto que há um desentendimento bem sério envolvendo duas personagens da trama. Até aí, tudo certo – porque a amizade fora das folhas amareladas também é assim e isso é perfeitamente normal, né? Só que, mesmo que a gente entenda o motivo e o histórico de uma das personagens, ela expõe o que acontece de uma forma tão feia e radical que fica difícil aceitar. Ela toma uma decisão e acaba ofendendo a outra pessoa de forma bastante grave. Lemos e achamos que a solução dos autores para “resolver” o problema não foi das melhores. Estamos falando sobre calúnia, abuso, mentiras e internet. São temas bastante atuais e que devem ser explorados com consciência por quem escreve um livro para jovens. Reafirmar algumas imagens erradas não é legal. Vamos ser mais claras: sabe quando uma garota denuncia um assédio e muita gente duvida da palavra dela? Sabe de todo o esforço que temos feito por aí para afirmar que precisamos acreditar na voz das mulheres? Pois é. Vamos dizer que o livro não ajuda muito nisso ao criar uma história de mentiras que reafirma essa imagem ruim (e de “interesse”) que muitas pessoas têm de quem denuncia uma agressão.

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Complexo, né? O livro realmente mexeu com as nossas emoções e foi uma ótima leitura. Em coisa de dois dias nós o devoramos e recomendamos a história. Cara e Rowan arrasaram – já queremos mais, viu?

Se quiser comprar, você encontra o livro neste link. Conta pra gente nos comentários o que achou da resenha!