você está lendo Quando o amor não acaba, mas termina
Foto: Reprodução/Sunday Chapter

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Muito estranho. Complicado escrever um texto como pessoa solteira depois de tanto tempo tendo a certeza de que, após desligar o computador, teria uma mensagem de prontidão piscando no meu celular, perguntando sobre mim.

Ela não estará lá. Essa é uma das partes mais complicadas agora: não que a minha vida inteira dependesse de algumas palavras no WhatsApp, já que isso as minhas amigas fazem muito bem. Mas é que, quando a gente termina um relacionamento, é muito esquisito se acostumar a não ter mais a presença da outra pessoa a todo instante, mesmo que vocês não se vissem com frequência.

Porque era rotina. Era confortável saber que sempre teria aquela pequena parte do meu dia ali. E não só em matéria de pequenos costumes, mas, bem, temos que entrar nessa questão: também havia muito sentimento envolvido. E era tanto… Ainda é. Mas somente isso não basta.

Pense comigo em uma piscina num fim de tarde de outono. A gente entra na água fria porque faz calor, mas, lá pelas tantas, a água começa a se tornar gelada demais e seu corpo se incomoda. E então você decide sair dali, tenta se encolher do jeito que pode, procura conforto nos seus próprios braços (que já estão tão gelados quanto o resto do seu corpo), tudo meio que em vão.

Você pode muito bem dar seus pulinhos e tornar a nadar de lá para cá, procurando aquecer o corpo, mas sua primeira reação é tentar dar um jeito da forma mais cômoda. Só que nunca dá certo e uma hora você terá que sair da piscina, procurar uma toalha e correr para o chuveiro quente. Até as coisas ficarem bem de novo.

Términos são um pouco parecidos. A gente tenta contornar o problema aqui e ali, mas chega a hora em que não dá mais para disfarçar o que não está dando certo. Você tem que sair daquilo, mesmo que te cause arrepios e uma sensação ruim.

Ninguém mais pode fazer isso por você.

E foi o que aconteceu. Agora convivo com o silêncio sem hora para acabar e com a emoção que chega nos momentos mais inoportunos. Porque de uma forma ou de outra dói. Qualquer coisa faz os olhos se encherem de lágrimas.

A gente bem sabe que perde muito quando dá tchau a alguém. São laços desfeitos, histórias que nunca mais serão contadas, situações que não serão compartilhadas de novo. Essa noção bagunça a nossa mente e provoca o impulso de chamar a pessoa e pedir para tornar a viver aquilo tudo. Deixar os erros de lado e tentar recomeçar. Afinal, quem é o louco que gosta de perder o que lutou para conquistar? Por isso que reatar se torna uma opção salvadora em meio ao caos que nos abriga quando vemos o nosso amor indo embora.

Desta vez não vou correr pelo mais fácil. Não vou ligar e dizer que tudo vai ficar bem, nem cultivar esperanças de que vamos mudar depois deste tempo separados. Agora é real. Após tantas e tentas tentativas, acho que a mágica da tal “mudança” não vai mesmo acontecer.

Não vou me iludir. 

É, está difícil.
Também não vai melhorar tão cedo.
Dá um nó na garganta.
Mas uma hora vai passar. A dor e o amor.