O tempo que a gente deu

08 de novembro de 2016
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Foto: Reprodução/Tumblr

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Você chegou e eu percebi que algo havia mudado – para valer. O seu olhar era outro, seu jeito também já não era igual. Alguma coisa estava muito diferente desde aquele dia em que havíamos nos visto. Não estou dizendo que a razão de todos os problemas do mundo estava visível…

Mas eu senti o ar da mudança.

O que eu pensei, só de te encarar, foi que nossas conversas recentes haviam surtido efeito. Finalmente. Antes, parecia que a gente falava e falava, mas nada acontecia. Ficávamos sempre na mesma e não acertávamos nossos ponteiros de forma alguma: os problemas não ultrapassavam os diálogos e as soluções jamais vinham para o plano da ação.

Foi desse jeito que a gente conseguiu deixar um relacionamento tão lindo se tornar algo meio abstrato, que nenhum de nós sabia definir. E as brigas surgiam por qualquer motivo, a qualquer hora, e então lá vinham mais horas e horas de conversas para tentar arrumar aquilo que, nós sabíamos, não seria arrumado daquela forma.

A sua personalidade e a minha nunca foram parecidas. Mas, de algum jeito, elas sempre aparentaram se complementar. Como se eu fosse a diversão na sua calmaria e, você, o ponto de equilíbrio na minha bagunça particular. Um yin yang muito justificável.

Só que aí vieram os conflitos e nenhuma compreensão. Nos arrastamos em cima de um chão de desastres que pintamos juntos e nos sujamos nessa lambança. Nada mais era lindo. Até que fizemos aquela escolha… A gente relutava – nunca seria uma hipótese, a gente dizia. Optamos pela distância.

E o tempo se encarregou do resto. Ele primeiro feriu e machucou. Depois foi indo manso, nos mostrando uma nova vida que há tempos já não sabíamos como era. E quando a gente estava quase se acostumando, ele nos uniu novamente.

Por dentro, me pergunto algo (que deve estar se passando pela sua cabeça também): o que vem agora?

Sinceramente, eu não sei. Se a gente vai se acertar, se iremos nos tornar bons amigos, se nunca mais cruzaremos o mesmo caminho ou seja lá o que restou de tudo isso. Mas agora, pelo menos, temos a certeza de que esse tempo foi bom para nós dois.

Foi uma novidade e toda novidade gera adaptação, amadurecimento e ideias, que estavam nascendo por dentro da gente, como galhos de uma velha árvore.

Somos um pouco diferentes do que éramos quando tentávamos encaixar nossas pecinhas, que não se uniam por nada neste mundo, caindo sempre ao chão. O que virá a partir disso? Eu não tenho mesmo como saber.

Mas já não somos mais os mesmos.

E isso é o que importa agora, seja lá qual a decisão que tomarmos daqui para frente.