Oie! Depois de uma Bienal do livro emocionante (amei encontrar cada um de vocês, que passaram por lá!) – o episódio dessa semana do nosso podcast não poderia ser mais especial: subi pra vocês o aúdio do meu poema “O meu corpo virou poesia” – que eu tanto gosto, sei que vocês também, e fala um pouco do novo livro que vem por aí. Espero que gostem! <3
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Quando você tentou me calar
e tirou de mim as palavras
meu corpo virou poesia.
Minhas curvas mudaram.
Hoje sou versos e estrofes,
Cicatrizes e histórias,
de uma arte que você nunca
realmente conseguiu entender.
Não carrego em mim a culpa,
Porque agora eu finalmente entendo
Você jamais me enxergaria de verdade.
E eu não aguentaria ser invisível pra sempre.
Não sou meu sucesso e minhas conquistas,
sem todo o meu drama e sensibilidade.
A melhor parte de mim não cabe na capa,
nem em listas ou num extrato bancário.
Sinto muito,
não sou feita de números como você,
Sou sentimentos.
O resto é consequência disso.
Um dia você admirou tudo o que eu construí,
mas no outro queria jogar fora os meus tijolos mais importantes,
e sem nem perceber,
fui pra muito longe de mim.
pra te agradar,
eu fui tirando,
tijolo por tijolo
do lugar.
Eu me desmoronei por inteiro,
para tentar caber em você.
Me coloquei na estante da sala,
Me encolhi no sofá,
Me fiz de mobília,
Ao lado,
Do móvel que eu escolhi sozinha pra nós dois.
E você fez questão de dizer,
“jamais teria algo tão verde assim na sala de casa”.
Verde é a minha cor favorita.
Mas esse detalhe deve ter lhe escapado.
Quando você nos implodiu,
Mesmo querendo cair,
me mantive de pé.
Pra olhar nos teus olhos,
E ouvir da tua boca,
Que aquele nunca foi o meu lugar.
Que para haver um futuro eu deveria ser minha versão do passado,
Mas a única coisa que realmente existe é o presente.
Ignorei as pistas,
os sinais vermelhos,
a minha intuição.
Eu não teria acreditado se me contassem.
Nosso fim, foi um novo começo pra mim.
Com a ajuda das palavras,
Eu me reconstruí.
Sem seus moldes.
Sem suas correções.
Minha única
linguagem é o amor.
E os créditos,
são todos meus.
Porque se fosse por você,
eu ainda estaria enterrada no chão.
Mas eu sou semente,
e sei me plantar sozinha.