você está lendo Não ouço mais as nossas músicas – e tudo bem

Foto: Flickr/farmgirl in flipflops

Tenho evitado ouvir sertanejo. Sabe como é, né? Você mesmo disse que fazia parte da gente e tinha nos levado ao lugar em que chegamos.

Mas talvez a solução não seja evitar o sertanejo, já que eu me lembro de você quando escuto Jessie J também. The Beatles, Aerosmith… Até Avenged Sevenfold, mesmo você detestando rock. É que eu amo rock – e amo você.

Quando acabou, eu me perdi. Não soube o que dizer, não soube o que fazer. Mas seria exagero dizer que não sabia para onde ir, porque eu sabia, mas eu não podia imaginar como seria ir sem você, sem poder dizer como era ali, como seria quando eu descobrisse o que dizer, o que fazer.

Pensei em ficar no mesmo lugar. Pensei em voltar para o passado. Pensei em morar nos momentos em que eu sentia você. Pensei em não mudar nada em mim para que, quando você voltasse, eu ainda fosse a (sua) velha versão de mim. Eu pensei em você todos os dias. Até que pensei em como você sempre me dizia que eu era incrível (sem e antes de você) e que podia e deveria ser e fazer tudo que eu quisesse.

Por mim.

Faltando 30 minutos para o dia 24, dez meses depois de realizar o sonho de te beijar, de sentir na pele o medo de te perder, a insegurança de ficar longe e o arrepio ao te abraçar, descobri que você não me ensinou o que é amar, mas me deu o caminho pra isso. Para saber que eu existo sem você e, como você queria, ser o que eu quisesse. Ser livre – por mais que uma parte de mim ainda queira ser inteiramente sua, nossa.

Um dia, te mandei uma frase que era mais ou menos assim: “não existe perder, o que é nosso se mantém vivo durante a vida.” E você disse que era verdade. Os momentos passam, as lembranças ficam e acho que é isso o que se mantém vivo.

Agora eu entendo a Taylor Swift quando ela disse que “perdê-lo foi azul, como eu nunca soube. Sentir a sua falta foi cinza escuro, completamente sozinha. Esquecê-lo foi como tentar saber sobre alguém que nunca conheci. Mas amá-lo foi vermelho” (ou roxo).

E agora eu também sei o que dizer: obrigada! E o que fazer: te guardar no meu coração, onde eu pretendo deixar só o que me fizer bem. E você me fez bem, até quando se foi.

 

Por Gabi Gaspar, 18 anos, Taguatinga Norte (DF).
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