Meio para baixo

15 de novembro de 2016
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Foto: Francesco Ormando

Aquela semana em que você não tem vontade de abrir a boca pra falar com ninguém. Sabe?

Parece que o desânimo chegou, se apossou de cada parte de você e do que você vê, faz ou toca. Tudo é um reflexo meio perdido, que desemboca em algo que não faz mais sentido algum para você. 

Os pensamentos vão surgindo e indo embora no mesmo instante em que aparecem: nenhum deles é bom o suficiente para te fazer dar um sorriso sincero. Aliás, você não possui vontade alguma de sorrir e só quer ficar parada, sem ter que pensar ou se preocupar. E você nem sabe porque isso está acontecendo.

Não adianta tentar desabafar com alguém. Para outra pessoa – que não está na sua pele -, o problema pode ser resumido como bobagem, frescura ou algo que você poderia resolver num piscar de olhos.

Só que, infelizmente, não é fácil assim. Ah, como poderia ser apenas uma besteira, que vem e passa rápido, sem deixar marcas. Só que é maior e, quando vem, consegue englobar todas as suas dúvidas e medos. Como uma derrota em uma competição da qual você nem participou. Você só se sente assim, meio de ressaca de uma festa bizarra.

Então, depois de algum tempo, surge a ideia de tentar se animar com outras coisas – aquelas que sempre te fizeram feliz. O álbum da sua banda favorita, a nova temporada da série que você adora, uma conversa sobre banalidades com aquela companhia divertida e todas as atividades que costumam te colocar para cima.

Tudo de uma vez, mesmo que seja meio clichê, assim como se estivesse engolindo um comprimido necessário. Funciona como um remédio para indisposição. Assim, a roda pode voltar a girar. Depois de um certo tempo olhando para o nada, é o melhor jeito de voltar a encontrar o que sempre te fez feliz.

Existe um esforço invisível para que você volte a ficar bem. Mesmo que aqueles seus amigos não entendam o que você está passando, mesmo que a decisão de voltar a fazer o que gosta tenha sido tomada meio sem esperanças e mesmo que algum sentimento sussurre baixinho que ninguém no mundo se importa. Bom, isso não é verdade.

Tudo que gira ao seu redor só funciona porque tem você ali. A sua posição – seja no coração de quem te adora ou nos locais que te recebem sempre – é enorme e faz diferença em absolutamente tudo.

E a sua rotina, suas coisas, suas paixões, seus animaizinhos… Tudo tem o seu toque e, mesmo que não falem com estas palavras que virão a seguir, todos precisam de você bem. E sabe quem precisa ainda mais de você? A pessoa que aparece quando você encara o espelho.

É por isso que o esforço para voltar a si surge quando o fundo do poço parece se aproximar. É o sinal de que, por fora, você pode estar para baixo, mas, por dentro, há um lado seu que se preocupa, se importa e faz o possível para te ver de pé.