Cheia de camadas

02 de agosto de 2016
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legalzinha

Foto: Reprodução

Eu não sou só aquilo que você vê na foto do Facebook.

Olhe bem e entenda: o brinco que eu estava usando, a blusa estampada que vesti e o penteado que unia os meus fios não me definem completamente. É claro que são um pouquinho de mim, já que, se os uso, é porque gosto deles, mas nada disso resume o meu real eu. 

O que está por fora pode externalizar o que somos aqui dentro, mas o mundo que me representa vai tão além disso que seria uma tremenda bobagem dizer que você pode me entender através de imagens.

Por uma foto? Não! Não mesmo.

Na última vez que nos falamos, naquele dia com toda a turma ao nosso redor, bom, queria que você soubesse que aquele momento também não diz muito sobre mim. Eu sei, a gente acha que conhece a pessoa quando conversa um tantinho com ela, não é? Mas foi tão pouco…

Os momentos em que você me viu rir, conversar e falar representaram só mais um dia de 365. Aliás, neste caso, um dia é muito, foi uma mera noite. Algumas horas. Você não sabe como estava o meu humor quando acordei. Não sabe se eu estava me sentindo livre para ser eu mesma ou mais introspectiva. Também não faz ideia de como sou quando estou sozinha ou com outras pessoas. Ora, é tudo tão relativo, não é?

Vamos então partir para as coisas das quais eu gosto. Ah, a porção de séries que te recomendei, é claro, fala um pouquinho sobre minhas preferências para entretenimento. Por mais que elas sejam diferentes entre si, há algumas de Fantasia ali no meio, não é? Já seria de se esperar, então, que este fosse um dos meus gêneros prediletos. E é, viu? Mas eu não me definiria como a garota ficção. Nem como a garota aventura.

Na verdade, a grande questão é que não vejo razão nenhuma nessa história de definir e etiquetar. E por que é mesmo que a gente tem que se delimitar?

Eu não me definiria como quem usa brincos grandes, nem como alguém que se parece com a mocinha dos livros de romance, muito menos como a tagarela da turma… É que sou tudo isso e, ao mesmo tempo, sou nada.

Posso ser tudo o que eu quiser. E, de verdade, quero ter acesso a um mundo de possibilidades. Quero ser a mudança em forma de gente e ter dentro de mim a maior de todas as autonomias, para fazer o que bem entender, gostar do que quiser gostar e me poupar de definições. Assim, me mantenho fiel apenas a mim mesma… e posso abraçar o mundo.

Sabe, aí está uma verdade palpável, uma única expressão que, longe de ser tendenciosa ou limitadora, me permite dizer que sou uma alma livre e sem amarras: eu sou cheia de camadas.