você está lendo Hoje não foi um dia bom
Foto: Chuyenblue

Foto: Chuyenblue

É muito gostoso fazer um texto positivo depois que as coisas dão certo. É legal poder passar uma mensagem de esperança quando você viveu e sentiu aquilo tudo na pele. Você quer falar, quer incentivar, quer mostrar pra todo mundo que a vida pode mesmo ser muito linda.

Mas no dia em que as coisas dão errado, nossa, como fica difícil reconhecer isso. E, contrariando todos os meus momentos mais mágicos que me inspiraram a soltar palavras ao vento, foi justamente a chateação que me motivou, neste fim de tarde, a escrever.

Porque hoje não foi um dia bom.

Estou no mesmo barco de quem perdeu as esperanças. Estou ao lado de quem deixou a tristeza chegar. Estou ouvindo a mesma playlist daquele que sofre. Foi um dia difícil e cheguei a pensar que meu céu jamais se tornaria azul novamente. Sim, tive os meus pequenos vacilos. Eu temi, eu chorei.

Enxergo os últimos momentos com pesar. Vejo sentimentos confusos se espalharem por meu corpo e sinto os sintomas do que jamais pensei que aconteceria quando acordei pela manhã.

Mas sabe de uma coisa? Foi justamente isso que gerou este texto. Pois aceito a minha condição e, se possível, farei algo para mudar, mas não vou abandonar as minhas lutas por conta destas últimas horas – por mais horríveis que elas tenham sido. 

E eu percebi que minhas novas experiências me darão crédito para passar mensagens ainda melhores do que as que passo inspirada nos dias felizes. A chateação, o sentimento de injustiça e a angústia compartilham do mesmo espaço que eu. Não consigo deixá-las de lado e, mesmo assim, ainda enxergo a esperança.

O que quero dizer é que você está lendo isso vindo de alguém que partilha das mesmas 24 horas hostis que fizeram este texto nascer. De alguém que ainda não viu a boa notícia chegar e, mesmo assim, segue confiante.

Entenda que, até mesmo depois da tempestade, há espaço para um céu azul.

Nada muda o fato de que hoje não foi um dia bom. Mas eu sei que amanhã será. Ou depois. Repita. Acredite. O caos vem pra todo mundo – mas a felicidade também. E a gente tem que se lembrar disso até no meio do transtorno. Foi assim que eu me lembrei.