você está lendo Post da leitora: “Minha vida estudando em Portugal”
estudando fora

Foto: Reprodução

Você já teve vontade de estudar em outro país? Opa, é bem provável que 95% das respostas para esta pergunta sejam siiim! Morar fora e estudar alguma língua ou mesmo fazer cursos no exterior é uma aventura marcante e maravilhosa. Há um tempinho, a Vanessa Almeida, leitora do blog, nos escreveu perguntando se poderia compartilhar um pouco da sua experiência fazendo faculdade em Lisboa, lá em Portugal. Sim, sim e sim! Se você tem vontade de saber como é a vida de estudos neste país europeu tão lindo, pode ter certeza de que vai amar este post! Vamos lá?

“Olá, pessoal! Antes de mais nada, meu nome é Vanessa Almeida e tenho 18 anos. Nasci no Brasil, mas moro em Portugal desde pequena. Estou no primeiro ano de Licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas na Faculdade Nova de Lisboa.

Preciso confessar: escolher o curso não foi mole, não! No começo do meu último ano de Ensino Secundário, eu estava determinada a fazer Jornalismo. Depois que desisti, passei um ano inteiro meio desesperada, sem saber o que fazer. Foi na feira Futurália, um evento bem bacana que acontece em Lisboa todos os anos, que descobri meu curso. Lá, rolam palestras, workshops e vários stands de faculdades nacionais e internacionais, que ajudam a gente a conhecer melhor nossas opções.

Até aí vocês devem estar pensando: ‘Vanessa, isso também acontece no Brasil! O processo é o mesmo?’

Bom, o ensino em Portugal é beeem diferente do Brasil. Aqui, o estudo antes da faculdade está dividido em três ciclos. O último deles é o Ensino Secundário (do 10º a 12º ano), em que temos disciplinas obrigatórias e específicas dentro da área que escolhermos. Ao longo dos anos, obtemos a nossa média final, que basicamente é a média dos 3 anos de Secundário + a nota dos seus exames nacionais. Temos diversos exames nacionais ao longo do nosso percurso escolar, mas os principais acontecem no último ano: estes são os obrigatórios da sua área + os exames que a faculdade ou curso no qual você quer entrar pede.

Eu terminei com 14,5 de média e tinha boas notas nos exames de História, Literatura, Português e Inglês, portanto, poderia escolher cursos com médias inferiores ou iguais à minha – e que pedissem estes exames. Depois de tudo isso, nos inscrevemos no site da Direção Geral de Ensino Superior (DGES) e selecionamos 6 opções de cursos/faculdades, com base nos critérios que expliquei (média + exames). É por eliminação, ou seja, se você não entrar na primeira opção, passa pra segunda… E assim por diante. Dá um baita medo de não entrar! E se você decidir que quer mesmo entrar na sua primeira opção, sempre pode ir pra segunda ou terceira fase de seleção (em que as médias baixam um pouco). Eu entrei logo em primeira fase na minha primeira opção e fiquei super feliz!

Agora vamos aos fatos sobre a faculdade em si, os costumes e, é claro, o preço!

O ano letivo é dividido em 2 semestres e as provas passam a ser chamadas de “frequências/exames”. A avaliação é feita através desses exames, dos trabalhos e, às vezes, da sua frequência de presença. No começo do ano letivo, em setembro, os alunos do primeiro ano passam por um evento de integração chamado “praxe”, que dura cerca de uma semana. Nele, nós nos sujamos, cantamos, brincamos e conhecemos outros alunos. Na minha praxe ninguém me sujou, mas me diverti bastante e conheci um monte de gente! Temos também um evento chamado “leilão”, em que são leiloados os veteranos padrinhos/madrinhas, que te acompanharão, te darão tarefas e serão os seus “guias” pelos próximos anos. Os valores do leilão são meramente simbólicos, revertidos para o jantar do curso. Ah: o teu padrinho ou madrinha será muito importante para ti.

No segundo ano, podemos usar algo chamado “traje acadêmico”, tradicional em todo o país. A partir de então, você passa a ser conhecido como veterano e não mais como calouro, e pode se tornar madrinha/padrinho de alguém. O traje é negro e vem acompanhado de uma capa, na qual você pode (e deve!) colocar emblemas. Alguns dos emblemas são obrigatórios, outros opcionais. É muito legal, pois podemos oferecer emblemas a amigos, familiares e aos nossos padrinhos (e vice-versa). Durante o ano, todas as faculdades dão várias festas (na minha, às vezes, parece que tem uma a cada semana! Haha), eventos culturais, shows, churrascos e workshops. No segundo ou terceiro ano, você pode fazer Erasmus, ou seja, um intercâmbio para outra faculdade na Europa que tenha o seu curso (ou um estágio fora do país).

Quanto aos horários, é você quem os constrói. Cada curso tem disciplinas obrigatórias e um número final de créditos que você precisa adquirir (cada disciplina corresponde a X créditos), depois é só escolher de acordo com a sua vontade e os professores que você preferir. Eu faço seis disciplinas no momento e meu horário está programado para ter aulas só de manhã, com o máximo de tardes livres. Quanto ao preço, nas faculdades públicas costuma ser igual: mil euros por ano.

E eu? Bom, eu amo o meu curso, mas ainda não decidi o que quero fazer da vida. Sei que adoro escrever, viajar e conhecer pessoas novas. Talvez escreva um livro, talvez me torne tradutora ou talvez viva uma experiência totalmente diferente, mas ainda tenho dois anos e meio para descobrir.”

E aí, gostou do relato da Vanessa? <3 Demais, né? Diga o que achou nos comentários!