Aquilo que a saudade faz

29 de janeiro de 2016
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Perceberam que eu não estava bem. Teve gente que disse que com o tempo isso passaria – já outros recomendaram um filme legal, uma comida gostosa e uma conversa entre amigos. Tudo isso seria ótimo, mas eu sabia muito bem qual era a companhia que eu mais desejava ter naquele momento. Eu só queria que você chegasse logo.

Olhei para a porta várias vezes para ver se era você. Não era. Sabe aquele sentimento de quando a gente quer muito algo e, na ansiedade, acaba achando a todo momento que, quando acontecer, fará valer toda a espera? Sim, isso pode ser bem decepcionante.

Parece que nada tem graça e, quanto mais eu tento procurar um significado diferente em meio a tudo aquilo que já conheço, mais me lembro de você. Daqueles filmes que assistimos juntos e de todos os enredos que tinham aquele final fácil de ser adivinhado. Do seu jeito único de pegar na minha mão e ficar olhando para ela minuciosamente, como se examinasse cada linha que corta a palma.

Um dia você disse que queria ler o meu futuro e, brincando, falou que a gente teria uma vida muito feliz e cheia de histórias pra contar. Juntos? No dia eu não dei muita bola, achei graça e disse que leria a sua também: fiz alguma brincadeira boba e logo mudamos de assunto.

Meus olhos só conseguiam ver um amigo – mas os seus já estavam apaixonados. É verdade, demorei pra te olhar assim também.

Agora eu consigo ouvir o som da sua voz na minha cabeça e, de repente, esta entonação parece ser a mais agradável do mundo. Consigo amar cada pequeno detalhe seu, e todos eles me fazem uma falta enorme. Cada vez que te imagino aqui, parado ao meu lado, meu corpo se arrepia e a vontade de te abraçar se torna insuportável.

A verdade é que os ponteiros do relógio podem dar várias voltas, mas o sentimento não diminui, só aumenta. Desde que percebi a verdadeira natureza do que eu sentia, a impressão que tenho é de que a sua falta me faz te amar ainda mais. Isso é tão estranho… A ausência era pra fazer a gente esquecer. Daí valorizo até aquelas coisas banais do nosso dia a dia conturbado. Eu nem ligava para elas antes – fico pensando no tanto que gostaria de reviver todos os dias tão divertidos que passamos juntos.

Eu até já sei o que você vai dizer, um verbo muito simples que simboliza tudo isso: valorizar. Só nove letras e um significado enorme, né? É só nesse momento, em que percebo que não precisaria de mais nada além da sua companhia, que eu me dou conta do tamanho do amor que sinto por você. É grande – e poder sentir isso é muito incrível. Acho que é esse o efeito da falta. É um pouco difícil de admitir, mas é real: é isso que a saudade faz.