Desculpa o auê

11 de abril de 2015
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Talvez eu devesse ter pulado fora ainda no começo. Sempre tem aquele instante, aqueles poucos segundos antes da gente se jogar do precipício, em que a gente quase dá meia volta e desiste do pulo. Eu devia ter desistido por você. Ouviu bem? Eu devia ter te poupado da bagunça que eu trazia. A vida desarrumada que eu ainda trago.

A gente não devia pedir desculpa pelo amor, mas acho justo pedir desculpa pelo o que a gente faz com o amor. Desculpa ter feito pouco caso do amor que você sentia. Desculpa por ter achado que você mentia – do começo ao fim.

Não foi você. Entende isso? Foi culpa dos que passaram. Das feridas abertas sem dó, das cicatrizes, das quedas, das decepções. Foi culpa do meu passado meio torto, das ruas em que me meti, das vezes em que dei de cara com o chão.

Mas não foi culpa sua.

Fui eu e as minhas imperfeições. Fui eu e meus medos. Fui eu e as minhas memórias, e as mentiras que me contaram, e as histórias mal acabadas que eu acumulei, e os pontos finais que eu esqueci de colocar. Fui eu e essa minha mania besta de achar que, no fundo, cês são sempre todos iguais. E vocês não são. Ao menos, você não era.

Foi culpa minha te perder.
Culpa desse meu medo do amor e desse medo de amar – e me deixar ser amada.

Fui eu.

Desculpa não ter pulado fora enquanto era tempo. Desculpa ter feito contigo o mesmo que fizeram comigo. Desculpa por ter sido eu a que quebra, a que fere, a que mente, a que não sabe amar. Desculpa o meu passado, mas desculpa, principalmente, por eu ter deixado que ele influenciasse o nosso presente.

E desculpa o auê.
Eu juro, juro mesmo: não queria ter magoado você.