A última mala

25 de janeiro de 2015
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Fechei a última mala. Tentei pegar todas as coisas, sem deixar nada esquecido nos cantos, porque acho mesmo que, quando a gente sai da vida de alguém, devia tentar não deixar bagunça. É claro que meu cheiro vai continuar nos lençóis por um tempo e talvez você veja meu rosto desbotado nas paredes, mas uma hora passa. Uma hora a vida se encarrega de me empurrar pra longe das suas memórias, bola pra frente, esquece essa daí.

Olhando pra trás, pra tudo o que a gente foi, chego à conclusão de que o que a gente teve foi bacana pra caramba. É difícil isto acontecer, não é? Olhar pra um relacionamento antigo e só conseguir pensar em coisas boas. Por que acabou então?, as pessoas vivem perguntando. Como se sentimentos viessem mesmo com bula de remédio, passo a passo, manual de instruções. Se eu soubesse por que deixei de te amar, tinha alterado as coisas pra continuar te amando pra sempre.

É confuso pular fora da tua vida quando uma parte de mim ainda te queria pra mim. Mas sabe o quê? Eu não tenho o direito de fazer isto com você: arrancar o que você tem de bom sem te dar nem metade em troca. Continuar com você me tornaria uma pessoa um pouco sanguessuga. E acho que a gente sabe que eu nunca quis ser assim.

Acabou. Talvez eu nunca entenda direito o porquê, talvez você nunca aceite minhas desculpas baratas. Em todo este tempo, acho que descobri que relacionamentos são sempre complicados. E que nunca é fácil, e que a gente nunca sabe direito o que fazer. Com algumas pessoas dá certo. Com a gente, não.

Eu não queria ser clichê, mas a vida, de vez em quando, é muito óbvia. Por isto, enquanto fechava a última mala, eu só consegui pensar em uma coisa pra te deixar neste bilhete: Obrigada, foi eterno enquanto durou.