você está lendo O que um dia de Lollapalooza me ensinou sobre solidão

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Ao sair o line up do Lollapalooza no ano passado, estava certa de que queria ir. Só de poder ver Imagine Dragons, Phoenix, Lorde e Muse tão perto, ficava bastante animada. Escolhi apenas um dia para não me cansar demais, já que minha experiência em 2012 frequentando os dois dias do festival tinha sido totalmente exaustiva. Assim que liberaram quais bandas iriam tocar em quais datas, conversei com uma amiga e combinamos de ir no primeiro dia, 5 de abril.

Comprei meu ingresso feliz da vida. Estava contando os dias para o festival até que percebi que iria sozinha. Minha amiga não tinha comprado o ingresso e ninguém que eu conhecia estava com vontade de viajar de Belo Horizonte até São Paulo para se cansar de andar num festival de música indie. Ok, tudo bem, eu pensei. Sou filha única, já passei por muita coisa sozinha na vida. Um dia de festival não vai ser tão doloroso, afinal, estarão algumas das bandas que mais gosto de escutar ultimamente.

Fui com uma excursão, que saía na sexta-feira de noite de BH para o Lolla e depois voltava no sábado à noite mesmo. Típico bate-e-volta. Estava sem muita grana pra ficar em Sampa, então, essa foi a melhor ideia na época. Viajamos muitas horas de ônibus e chegamos no lugar. Tentei me enturmar com dois caras para não ficar sozinha na fila e pronto. Entrei no Autódromo.

O sol estava desumano. De rachar a cuca mesmo. Queria ver o show de Capital Cities, por isso acabei me separando dos dois amigos. Fiquei na grama, sozinha, com uma blusa preta, calça jeans e tênis, sem chapéu – a pior combinação possível num calor de matar, devo admitir. O show foi incrível, mas comecei a sentir uma coisa que iria se agravar com o passar do dia.

Depois de Capital, fui encontrar com uma conhecida de SP para assistirmos Imagine Dragons. Foi arrepiante, mas eu ainda sentia que faltava alguma coisa. Saímos mais cedo para evitar confusão e fiquei, mais uma vez, sozinha, na grama, esperando o show do Phoenix. Assim que começaram a tocar, percebi o que estava sentindo. Um show incrível, de uma banda igualmente incrível – o que poderia faltar nesse momento? Amigos, essa é a resposta.

Não sei com vocês, mas comigo, as músicas me remetem a momentos e pessoas. Ouvir aquelas bandas que adoro tanto não fazem sentido algum se não estou com a companhia das pessoas que amo. Do que adianta assistir ao show de Imagine Dragons se não estou com as minhas amigas, que me mostraram a música deles pela primeira vez? Entendem o que eu digo? É só uma experiência vazia.

E aí, eu estava lá, sozinha ouvindo e dançando Phoenix, até que me deu uma vontadezinha de chorar. Estava curtindo, mas não estava feliz, porque só valeria a pena de verdade se estivesse com as pessoas certas. No final, a experiência em si só valeu por essa ficha que caiu. E os shows de Phoenix e Imagine Dragons também, claro, porque eles são incríveis.

No outro dia, no domingo, fui encontrar duas amigas e fomos para a casa de uma delas. Colocamos o papo em dia, desabafamos e nos divertimos. Uma hora, deitada no sofá, assistindo o Lollapalooza pela TV, ouvindo as duas rindo de alguma besteira, percebi que aquele momento parecia ser mais importante do que qualquer festival. A frase “a felicidade só é real quando compartilhada” nunca fez tanto sentido para mim.