O sucesso de cada um

28 de outubro de 2013
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anonimato

Dia desses li uma matéria que falava sobre o anonimato de alguns atores e cantores que eram bem populares na década de 90 – no auge da minha infância. O jornalista escreveu o texto num tom que me deixou intrigada, talvez seja puro sensacionalismo, algo cada vez mais comum nesses portais de notícias, mas acho que de fato algumas pessoas pensam daquele jeito – ou vão passar a pensar depois de ler a matéria.

Ao descrever as (não mais) celebridades, o autor do texto associou felicidade à fama. Em três ou quatro parágrafos, deu a entender que o anonimato é sinônimo de fracasso e uma vida sem sucesso.

Vida sem sucesso?

Fiquei pensando por alguns minutos e cheguei a conclusão de que as pessoas mais felizes que conheci na vida nunca experimentaram o gostinho da fama. Nunca ouviram seu nome ser aclamado por uma multidão ou ganharam um prêmio por serem comercialmente valiosos. Essas pessoas nunca quiserem ser muito ricas ou muito bonitas. Quero dizer, todo mundo quer ter uma grana para fazer as coisas que sonha e gostar do próprio reflexo no espelho, mas acho que a questão é que isso nunca foi uma prioridade pra elas.

Okay. Eu não posso dizer que elas são mais ou menos felizes que as outras pessoas, mas garanto que elas levam a vida de um jeito muito menos complicado. Talvez porque seja mais simples fazer as próprias escolhas quando o universo não faz questão de dar opinião. Ou pior, escrever uma matéria sobre a forma que você decidiu levar sua própria vida.

É óbvio que a carreira artística tem muito a ver com a aceitação do público e audiência, mas a matéria ironizava as escolhas pessoais. Como se o auge da vida de cada um deles já tivesse passado. E não gente, não é necessariamente assim. Pelo menos não pra todo mundo.

Casar. Mudar pra Dublin. Tatuar o corpo todo. Casar com alguém do mesmo sexo. Viajar o mundo todo. Trabalhar no asilo. Virar professor de violão. Adotar um filho. Engordar 20kg. Mudar de carreira. Trabalhar como dogwalker em Buenos Aires. Cuidar dos pais idosos. Virar manicure no salão da esquina. Fazer investimentos e viver disso pra sempre. Escrever livros que ninguém compra. Ter gêmeos com uma desconhecida. Montar um brechó. Viver para fé e religião. Criar vacas em uma fazenda no interior. (…)

Tenho certeza que existem milhares de pessoas que são muito felizes fazendo cada uma dessas coisas que citei. Não é curioso? Não é incrível? Não é libertador saber que cada pessoa encontra o motivo pra viver em coisas completamente diferentes? Eu acho.