você está lendo Segredos e pessoas falsas: o que isso diz sobre você

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A quantas chaves você guarda seu segredo? Tem segredos que a gente joga lá no fundinho do baú, fecha com cadeado, corrente e joga no fundo do mar. Esses segredos estão à salvo — pelo menos é o que achamos. O problema de verdade são aqueles segredos que a gente não acha que sejam assim tão secretos logo de cara e acaba mencionando de vez em quando. Depois que você falou uma vez, parece que a língua meio que aceita falar aquilo e se torna mais natural.

Isso acontece muito quando você conhece alguém com quem se identifica logo de cara. Com essa confiança, a gente se pega falando algumas coisas que não são necessariamente segredos, mas são coisas nossas que só queremos que algumas pessoas especiais saibam. O problema é que mesmo que essa confidência venha acompanhada de um “não conta pra ninguém, tá?”, quem ouve fica dividido na proteção desse segredo. Ora, se não é pra contar pra ninguém, por que ela me contou na nossa primeira conversa? Não deve ser tão importante assim, se ela contou pra mim.

Eu imagino que boa parte dos mal-entendidos de “fofoca” se origina aí. A gente tá pronta pra se abrir pra alguém, quando o outro não notou isso. Por isso, talvez a pessoa não ache que é algo tão particular assim, e acaba comentando por alto com outrem. Esta terceira pessoa, nem conhecendo as circunstâncias iniciais, passa a história adiante sem pensar e pronto, seu segredo caiu na roda. E depois não adianta falar que a pessoa é falsa, porque você confiou nela e ela espalhou a história pra todo mundo. Foi você quem confiou a ela uma informação que ela não estava pronta pra receber: seja porque não sabia, porque não era confiável mesmo, etc.

O que eu sempre digo é que se você não consegue guardar seu próprio segredo, não pode esperar que os outros também guardem. Afinal, não é deles, eles não têm nada a perder. É claro que tem gente ruim nesse mundo, que se aproxima da gente pra derrubar, pra ser o primeiro a ver o nosso rosto tocar a lona. Mas cuidado pra não misturar os desavisados nessa leva de malfeitores.

A vida nos ensina com o tempo que é melhor falar pouco sobre o nosso sucesso e menos ainda sobre o nosso fracasso. Quanto mais misteriosa, mais interessante você se torna pras pessoas que te conhecem. Quase como um livro: que graça teria se toda a história estivesse na orelha? Mas se você acha que assim não vai ter assunto com o outro, então há algum problema. Se a conversa só pode ser sobre as suas coisas, os seus problemas, a sua vida, reveja seus conceitos. Vamos conversar mais sobre o mundo em vez de tentar fazê-lo girar ao nosso redor?