você está lendo Entre Amigas: “Não acho mais graça nas coisas, e agora?”

Caroline, 17 anos, Porto Alegre/RS – Eu venho aqui pedir sossego. Sinto falta da paz interior, na verdade, sinto falta de sentir algo no interior de mim. Anda tudo meio vazio, meio chato, meio sem graça, meio sem sentido. E eu já não faço mais esforço nenhum para entender as coisas, as pessoas, os lugares e principalmente os por quês. Sabe quando a gente se sente meio perdida? Sem saber cadê o seu verdadeiro eu?

Olá Carol. Penso que todo mundo ao menos uma vez na vida enfrenta uma fase ruim assim. Nada faz sentido, não existe vontade, não existe nada. É exatamente quando a gente liga o botão “tanto faz” e deixa as coisas acontecerem como bem entendem, não é?! Pois bem, penso também que é nesse momento que a gente costuma se encontrar. É exatamente nesse momento que devemos buscar o “nosso eu” e se conhecer verdadeiramente. Isso é só uma fase e é óbvio. E quando tudo isso passar, você verá que a sensação que fica é que você fez uma longa viagem para dentro de você simplesmente porque não estava com vontade de se resolver com o mundo, mas perceberá também que se resolveu com você mesma.

Ou para onde foi a graça que você achava nos seus amigos e em todas as outras coisas que estão ao redor? É uma espécie de ir para algum lugar, mas você não se identificar em parte alguma, é como estar perdida e não saber para qual direção ir. É como uma bússola quebrada que não serve mais. Ah! Serve sim: te confundir mais ainda. Talvez seja o final de ano, o cansaço escolar, o pré-vestibular, o cursinho preparatório. Talvez a rotina virou parte de mim. “Talvez”, “quem sabe”, “pode ser”, “tanto faz”, “não sei”.

É natural que todos estejamos fartos nesse fim de ano. A rotina já começa incomodar, você se sente cansada de tudo, não tem paciência para mais nada. É natural, Carolina. O que não pode é você deixar isso acontecer por muito tempo, porque aí você pode acabar se acomodando e esse “tanto faz” persistirá por muito tempo na sua vida. Como disse antes, tire esse tempo para você e não se preocupe com os outros. Os amigos vão entender que esse é o momento que você se recolhe para você mesma.

Queria poder dizer “sim” é realmente isso e mais um monte de outras coisas velhas que você pôs no seu coração e nunca tirou de lá deixando criar raízes mais profundas ainda, ou então, “não é a vida mesmo, essas coisas acontecem com todos”. Mas que espécie de psicóloga quero ser se nem me entender eu sei? Como uma pessoa vai deixar outra pessoa mais confusa ainda ajudar a achar o caminho? Não. Nem os loucos deixariam.

Carol, isso é só uma fase na sua vida. Acredite. Acho que é muito importante passar por momentos assim, porque afinal ninguém vive só de felicidade, de certezas, etc. Quando você passar por isso, estará mais certa ainda do que procura, do que quer e tudo poderá ser ainda mais fácil. E esse seu medo de “confundir ainda mais as pessoas” vai passar logo e não afetará sua profissão.
Quero a luz no túnel, quero poder sorrir só porque acordei viva, quero poder respirar fundo em uma tarde ensolarada de domingo só de lembrar que no dia seguinte não vai ter compromisso. Quero essas coisas bem clichês, entende? Quero ficar feliz de saber que no final vai valer a pena, que vou rir de tudo isso. Que vou rir desta coisa que está dentro de mim. Maldita coisa.
Não quero me tornar uma metade ambulante que se perdeu por aí, quero ser eu novamente, não eles. Não o que tudo isso me tornou. Me socorre?

E você será. Ainda mais você. Esses clichês voltaram a fazer parte da rotina e você com certeza irá rir de tudo isso que está acontecendo. É importante que passe por isso. Que queria reconhecer você mesma, que queria se descobrir novamente. Isso trás maturidade. Maturidade que muitas vezes demora muito tempo para acontecer nas pessoas. É um momento necessário e como o próprio nome diz, é só um momento. Acredite nisso. Você não se perdeu. Apenas está se encontrando ainda melhor.

Te desejo tudo de bom e que isso passe muito rápido, mas que você possa também tirar uma boa lição de tudo isso. Boa sorte, Carol. Beijos.

E você? Quer contar a sua história? Tem alguma dúvida? Envie um e-mail para entreamigas@depoisdosquinze.com contendo sempre nome, idade, cidade/estado. Sinta-se à vontade, porque, afinal, estamos sempre entre amigas!