você está lendo Livro: Apaixonada por palavras

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Se você já leu algum livro das séries “Fazendo o meu filme” ou “Minha vida fora de série” deve saber muito bem quem é Paula Pimenta. A escritora mineira que é considerada por muita gente a nossa Meg Cabot. Geminiana e sonhadora, apaixonada por cinema e música, Paula é uma daquelas pessoas que você conhece (ou lê) e sente muita vontade de ser amiga.

Quando fiz intercâmbio muitas leitoras comentaram que Brighton era também o destino da personagem principal do livro “Fazendo o meu filme”, a Fani. É claro que quando voltei fiquei super afim de ler a história e morrer de saudade de cada segundo da viagem. Então, quando passei por uma livraria, acabei comprando vários livros da autora de uma vez só. Mostrei no instagram e dias depois recebi aqui em casa os que faltavam pra completar minha coleção. Foi um presente carinhoso da Paula. Não é um amor de pessoa, gente? Quase tive um treco quando vi que ainda por cima tinha dedicatória.

Impossível agradecer de um jeito diferente, né? Comecei logo a ler os livros e fui me apaixonando ainda mais pela ordem das palavras escritas. Gosto quando isso acontece porque fico ainda mais inspirada para escrever aqui no blog.

O primeiro livro que vou resenhar pra vocês é o “Apaixonada por palavras”, uma coletânea incrível de crônicas e também a publicação mais recente da autora. Na obra a personagem principal é a própria Paula. É isso aí, as 158 páginas contam o próprio dia a dia da autora. Sentimentos, lembranças, sonhos, histórias que fazem que a gente, que pensa  quase sempre com o coração, se identifique do início ao fim do livro. A leitura é bem fácil e a linguagem jovem e atual. É como abrir o diário de alguém e aprender com cada erro e acerto vivido. Muito legal, né? Recomendo bastante pra quem tem blog e escreve comportamento. Muita inspiração.

Uma das minhas crônicas prediletas: “Odeio cantadas. Flores não me seduzem. Chocolates então, nem pensar. O que me comove são palavras. No caminho de casa, passo por uma pista de cooper onde têm barras e aparelhos de ginástica. Em qualquer hora do dia ou da noite, rapazes de se fazer inveja aos galãs globais puxam ferros, correm mais do que para tirar a mãe da forca, levantam pesos, malham até o dedão do pé. Ao lado deles, garotas soltam suspiros para cada flexão de braço, lançam exclamações para cada bíceps trabalhado, fazem votação para definir qual peitoral é o mais sarado. Deixo tudo para elas. Tais rapazes não merecem um segundo olhar meu. Para mim, músculo em excesso é inversamente proporcional à inteligência.

Fim de semana. Depois de muita insistência, aceito o convite das minhas amigas para ir dançar, mesmo sabendo que me arrependerei. Lugar dos infernos. Quente, barulhento, enfumaçado. E ainda por cima tenho que escutar aquela mesma frase: “E aí, gata, vem sempre por aqui?”. Fico na dúvida entre vomitar, sair correndo ou fingir que sou surda. Outra situação: O moço é lindo. Toca violão. Minha família gosta dele. Já estou quase convencida de que é minha alma-gêmea. E então ele me manda um cartão: “Não me canço de te olhar”. É, querido, vai ter que olhar para o outro lado. Cansada estou eu de quem não sabe escrever nem em português.

Mas por que eu sou tão viciada em palavras? Por ter crescido lendo enquanto minhas amigas brincavam de pique-esconde? Por minha primeira paixão ter sido o Cebolinha, nos gibis da Turma da Mônica? Por amar poesia desde que nasci? Não sei. O fato é que me desperta curiosidade quem sabe escrever o que pensa. Garotos que escrevem bem têm um charme diferente. Suas palavras me acariciam de tal forma, que se tornam vitais para minha sobrevivência. Se eles têm tanto cuidado com a escrita, imagine o carinho que teriam comigo… Ah, os homens que sabem escrever! Alguns conseguem ser tão sinestésicos, que chego a perceber a voz deles por entre as linhas.

Os que mais me impressionam são os que adivinham meu pensamento, mesmo sem me conhecer. É indescritível a sensação de ler um texto e me identificar totalmente com as palavras do escritor. É como se ele tivesse roubado a ideia que eu ainda não havia tido, mas que já existia em mim. Emocionante perceber, na medida em que meus olhos vão descendo por sobre o texto, que existe alguém que pensa exatamente como eu. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira. O sexo masculino, no geral, ainda se sensibiliza mais com um corpo esculpido do que com a forma que as escritoras dão às suas frases.

No dia em que eu encontrar um que se importe mais com o que eu escrevo do que com a minha embalagem, eu me caso. Desde que a proposta seja feita por escrito. E que por trás daquelas palavras, existam óculos em vez de músculos.”

Alguém aí também já leu esse livro ou algum outro da Paula? Comentem!