Um diário no tempo!

16 de dezembro de 2010
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Eu quero escrever um diário no tempo.

Espalhar nos anos minhas loucuras, amores e peripécias que criam em meu estômago uma arena onde voam livres milhares de borboletas. Assistir ao cachorro se espreguiçando e sentir a lealdade dele de volta, no quintal ensolarado!

Queria que as páginas voassem com cenas descritas de todas as confusões e ansiedades, e caíssem na minha mão nos momentos vagos daquele domingo de chuva.

Como seria bom se as lembranças fossem sem data e as fotos da festa de ontem durassem na nossa eternidade, sem hora pra acabar.

A idéia imposta pelos físicos de que temos vinte e quatro horas por dia nos condiciona numa ampulheta onde passamos um terço desse tempo dormindo e os outros dois sonhando acordadas com o dia em que todas as formas que a nossa imaginação tomou vão virar realidade. Mas, a real noção de futuro chega quando, logo pela manhã, os mesmos outdoors cheios de gente sorrindo vão passando como slides conforme o carro anda vagarosamente em direção ao semáforo.

A boa notícia: os abraços envoltos de corações meramente ilustrados estão mais ao seu alcance do que imagina! Basta abrir-se ao novo e olhar o relógio apenas para tomar as pílulas de riso, porque o resto…Ah!O resto deve acontecer. Quantas semanas passamos planejando o cenário perfeito, a roupa propícia e a trilha sonora que se encaixe a um encontro, quando a essência dele deve ser nada além do amor?

Não, eu não posso esperar pra eternizar todos os meus feitos, e seria muita injustiça esquecer logo daquele que mais me fez chorar, já que ele fez questão de escrever na testa o que eu não posso fazer de novo. Preciso me encher de lembretes pra registrar toda e qualquer mudança! Afinal, foram tantas discussões com minha consciência que no final cresci mais que a Alice depois de beber o que não devia!

Meus livros? Confere!

Meus affairs…Será que cabe?

E minhas dúvidas? Melhor deixar na mão dos melhores especialistas…

E depois de tanto juntar letrinhas de passados presentes, eras podem passar, mas ninguém deixará de ler minha existência e ninguém tomará de mim o nosso primeiro beijo e o lar que fica onde meu coração está.

E então, alguém me ajuda a escrever um diário no tempo?