você está lendo A mudança das coisas que nunca mudam

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Quando alguma coisa importante está prestes a acontecer meu sono vira fumaça. O problema é que essa ansiedade vem sempre acompanhada com pensamentos inconvenientes. É como seu meu subconsciente me punisse por não conseguir dormir e descansar o quanto eu realmente deveria. Vai ficar acordada, querida? Então tome essa meia dúzia de lembranças e questionamentos. Use o silêncio raro da cidade grande pra decifrá-los.

Minha cabeça dói de um jeito que só dormir resolve, mas já que eu não consigo, mesmo virando pra lá e pra cá na cama que divido diariamente com a bagunça, resolvi escrever. Como nos velhos tempos. Falar sobre mim, pra mim e pra um monte de gente que eu não conheço. Mergulhar por dentro sabendo que vai espirrar lá fora. Coisa que eu nem sei mais como fazer. Será que nós deixamos de nos conhecer com o passar dos dias? Por falta de tempo será que esquecemos de nos lembrar quem somos e o que queremos? Acho que não. Espero que não.

Antes de tudo, quero explicar o sumiço.

Não entendo nada de astrologia e as famosas previsões da Susan Miller que todas as minhas amigas comentam no começo do mês, mas eu diria que 2014 tem sido o ano oficial do trabalho e das boas oportunidades. Talvez eu devesse ter prestado mais atenção naquelas páginas da revista que falam sobre isso, né? Já era. Tenho feito o possível pra conseguir superar as expectativas das pessoas que amo. É difícil porque às vezes tenho a sensação de que eu não vou dar conta, que o mundo vai cair na minha cabeça a qualquer momento e eu tô sozinha, mas no dia seguinte as coisas parecem menos complicadas. Antes mesmo do café da manhã surge outro desafio e o meu estômago vira do avesso mais uma vez.

Qual é a melhor tradução pra overthinking?

Num episódio de Gossip Girl que assisti outro dia o personagem Chuck Bass ensinou que às vezes tudo que precisamos é parar de adiar e simplesmente dizer “sim”. Aproveitar as oportunidades e lidar com as consequências, não como se elas fossem um problema, mas sim um prêmio por termos saído da zona de conforto. A consequência da realização dos meus sonhos é ter os meus pais perto de mim.

Misturar os dois mundos.

Tô tão animada com a mudança. Tão ansiosa. Sempre que imagino meus dias com eles por perto sinto um frio na barriga. É quase como quando tenho uma viagem marcada pra algum lugar novo e tô no táxi indo pro aeroporto. Acho que é quase a mesma coisa, né? Um lugar novo. Um novo começo pra todo mundo. Um pouquinho de paz pro meu pai que sempre foi tão estressado no serviço. Pra minha mãe que além de lidar com ele tinha que organizar a papelada toda. Pra Zooey que terá um quintal enorme, um irmãozinho e a mãe 24 horas por dia e 7 dias por semana.

Dá medo porque nós nunca moramos em outro lugar juntos. Dá medo porque eu não quero ser a culpada por bagunçar a família se não der certo. Dá medo porque, mais que nunca, tudo vai depender de mim. Dá medo porque mudar é assim, deixar coisas pra lá. Não sei se queria deixar minha casa antiga pra lá e o meu refúgio que é passar alguns dias longe de tudo. Bem, mas olhando pelo lado bom, pelo menos dessa vez, com a mudança e a coisa nova pra enfrentar, eu não tô sozinha.

Se a minha vida fosse uma série, caros leitores, eu diria que a terceira temporada está prestes a começar. Desejem-me sorte!