Os acasos do destino

12 de junho de 2017
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Foto: Reprodução/Paolo Barretta

Foto: Reprodução/Paolo Barretta

O relógio marcava quinze para as seis.
Ela ia para o seu curso.

O céu já estava escuro e as pessoas haviam começado a acender as luzes dentro de suas casas. Ela sabia disso, pois era o que cada janela, antes invisível num mundo de pouca luz, mostrava com suas novas cores amareladas. Naquela época do ano, era neste horário do dia que a temperatura começava a cair, por isso ela desejou ter carregado um moletom consigo.

Seus braços estavam arrepiados e, suas mãos, frias como pedrinhas de gelo, mas, firme, ela fez questão de repetir para si mesma que o frio era psicológico – e apertou o passo em meio às ruas repletas de lojinhas que começavam a baixar suas portas.

Não adiantou muito – o tempo não deu trégua. Cada folha de árvore se movendo com a força do vento fazia com que ela se abraçasse inteira. Lá vem a gripe… Foi passando perto de onde sua amiga morava que, então, teve a ideia: podia entrar e pedir uma blusa emprestada, não? Tirou o celular do bolso e ficou feliz ao ver o nome dela marcando como online. Fez a pergunta e recebeu a resposta positiva: Claro, vem pegar!

Cinco minutinhos a separavam do casaco quentinho e, mesmo que essa parada repentina fosse deixá-la atrasada, não tinha problema: ela precisava prevenir alguns espirros e sentir o conforto do algodão cobrindo sua pele.

Passou, buscou, agradeceu e se aqueceu. Voltou para as ruas agora correndo, porque já não havia mais tempo para enrolar.

Foi quando eles se trombaram.

Se ela tivesse saído adiantada, não teria acontecido. Se tivesse carregado a blusa consigo, talvez também não. Se ela não tivesse investido na ideia de buscar a blusa na casa de sua amiga e não tivesse passado por aquela rua, talvez eles não se veriam naquele dia. Ela realmente não esperava encontrá-lo ali, ainda mais depois de tanto tempo. E ao vê-lo, até o frio que sentia pareceu evaporar. Tudo mudou.

Por um acaso (será?), a história dele também era um pouco parecida. Não tinha razão para estar ali naquela hora. Mudou o caminho porque sentiu que devia.

Eles não precisaram fazer nada, porque o destino fez por eles. Também não tiveram que dizer nada, tudo estava dito. Depois do primeiro olhar, nada mais importava.

Selaram o encontro com o abraço mais especial de todos, anunciando que muito mais viria por ali.