Sumida

22 de maio de 2017
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-bruna-vieira

Passei um tempo sumida. Não foi nada com você, eu juro. Eu queria que tivesse sido, porque aí eu teria um bom motivo para não ter estado aqui todo esse tempo, mas eu não tenho. Eu sumi porque precisava de um tempo distante. Queria que desse pra ficar longe de mim também, mas não dá, então eu apenas me afastei de todas as pequenas coisas que me lembravam como eu vim parar aqui.

Eu já deveria ter superado todas essas questões que me assombram, elas nem são tão assustadoras assim quando vistas de longe ou de uma outra realidade, mas a gente não escolhe o que sente. A gente escolhe o que faz com isso e eu optei por não processar tudo de uma vez. Guardei pra mim e fui vivendo. Me concentrei no que estava acontecendo fora e não dentro de mim. Viajei para lugares legais, me apaixonei perdidamente e tatuei o mundo nas minhas costas. Você tá certo, eu sei. Esses pensamentos teriam se transformado em páginas e mais páginas de alguma história inventada, mas eu precisava me encontrar outra vez antes de criar algo novo.

Tentei não exigir muito de mim, sabe? Eu não estava mais criando um personagem que precisava agradar o público, eu estava descobrindo quem eu me tornei. Cuidei do meu corpo, cortei e deixei meu cabelo crescer natural, comecei um curso de inglês, ouvi umas bandas novas e parei de me comparar com todas as outras pessoas ao meu redor. Todos os dias a gente muda um pouco mais e nem sempre isso acontece na mesma velocidade ou da mesma forma pra todo mundo. Isso é maravilhoso e assustador.

Quanto mais eu conheço do mundo, menos eu sei qual meu lugar nele. Estou sempre indo e vindo, mas tenho medo de me perder no meio do caminho. Sendo a escolha certa ou não, quero me sentir em paz quando a fizer – felicidade é consequência disso.

Semana passada completei 23 anos de vida. Estamos em 2017, mas às vezes tenho a impressão de que ontem foi 2013. Ainda lembro das minhas amigas de escola e como planejávamos nosso futuro. Pois, veja bem, ele chegou.