você está lendo Um dia silencioso não é um dia perdido
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Ninguém faz filmes sobre um domingo à tarde em casa, em que você está sozinha tomando um café depois de horas e horas de chuva, sem nada para fazer. Aquele tipo de dia em que você olha para a janela e não sabe se quer sair ou ficar, quando o estômago revira numa sensação estranha, que nada diz. Quando tudo vira reflexão e até o mais simples dos atos se torna uma incógnita a ser desvendada. Com bastante calma.

Ninguém faria livros sobre essa mesma tarde, feita de minutos e minutos usados para olhar pra cima, tentando juntar pedacinhos e encontrar sentidos. Cansada dos passatempos de sempre, você está se perguntando sobre as coisas que ainda virão e buscando respostas ocultas em tudo o que ficou para trás.

Ninguém puxa assunto sobre estes dias. Ninguém posta fotos legais nas redes sociais em momentos assim. Ninguém faz textos engajados sobre eles. Ninguém diz que foi um dia banal que rendeu a ideia mais genial do planeta, mesmo que isso de fato tenha acontecido.

É um momento seu, só seu. Embora pareça tudo um pouco lento, ele é necessário e nós sabemos disso. É a sua pausa – e todo mundo passa por dias assim. Neles, enquanto por dentro somos mais nós do que nunca, por fora assumimos identidades diferentes aos olhos do mundo: estamos apenas observando – e, por assim ser, não queremos mais do que isso.

Não queremos um contato intenso ou uma experiência incrível (pelo menos não naquele exato momento). Não queremos nada para agora. Estamos ali, escondidos, com olhos espertos e coração aberto, apenas existindo. Em dias como estes, nos despimos de todas as coisas. E neles, tudo bem, é normal perceber a nossa alma de poeirinha cósmica que, além de tudo, é também nada.