você está lendo O adjetivo que define a minha melhor amiga
comportamento

Foto: Camilla Didriksen

A minha melhor amiga é humana.

Essa frase parece um pouco (ou bastante) estranha à primeira vista, né? Mas é que depois de tanto tempo de amizade, a gente começa a valorizar traços específicos das nossas amigas. Como, por exemplo, o fato de ela ser humana. Mas calma, a gente chega lá.

Para mim, a amizade não é só a conversa diária e o papo que nunca tem fim. Os diálogos intermináveis e os assuntos e confidências são muito importantes, uma parte essencial da amizade. Mas não é só disso que se faz uma relação entre amigas.

Eu bem sei: ser amiga também é estar ao lado da pessoa quando ela precisar, oferecer um ombro, um lenço pra enxugar as lágrimas de vez em quando e até mesmo rir junto daquela coisinha só a outra pessoa está vendo graça. Quando a gente menos espera, percebemos uma boa amiga bem ali do lado e sentimos que temos sorte.

Muitos lados bonitos da amizade nascem sozinhos a partir do sentimento mútuo e correm livres como crianças em campo aberto. E então precisamos mantê-la apesar da distância, lidar com a vivência e as experiências que se estabelecem e com o conhecimento recíproco de cada traço, sorriso ou característica de pessoas que podem ter tudo a ver ou serem tão diferentes de você. Sabe aquele coraçãozinho que sua amiga comentou em sua última foto? Pois é: tem muita coisa por trás dele!

E, no fim das contas, é a parte humana, mencionada no primeiro parágrafo, que se sobressai.

Depois de tanto tempo, de tantas amigas que eu pensei serem de verdade – e de outras que, ainda bem, foram importantes -, é que fui perceber o que mais se destaca em uma amizade verdadeira.

Porque foram muitas as vezes em que me senti feliz por ter uma amiga que correspondesse às coisas boas que eu disse ao longo desse texto, mas foram poucas aquelas que, ao meu lado, pareciam humanas no sentido mais puro da palavra.

Humana como alguém real, de carne, osso e sentimentos confusos, assim como eu mesma. Que reconhece isso e que sabe que ora vai falhar, ora vai acertar. Que tem consciência de seus atos até mesmo quando há uma incerteza se fazendo sempre clara, e que se importa com a amizade de uma forma bem mais natural. Aquela amiga que continua ao seu lado. Poderiam surgir muitos adjetivos deste breve relato – como fiel, companheira e sensata -, mas eu prefiro resumir tudo na palavra que aparece no título.

É, minha melhor amiga é tão humana que tem vezes que nem parece que é daqui! Mas, de fato, eu sei que, assim como ela é para mim, existem muitas amigas humanas para outras amigas humanas por aí.

Ser amiga assim é perceber que qualquer bobagem fica muito pequena perto do tamanho de uma amizade. Não é sinônimo de ignorar erros, mas sim de entender que alguns deles acontecerão de qualquer forma. Afinal, somos os tais seres humanos e reconhecer isso em primeiro lugar é muito importante.

Por isso que nossa amizade é incrível e fundamental. Ela respeita os limites de cada uma, nos ensina dia após dia e agrega cada vez mais de uma forma fácil, sem tentar ser o que não é. Ela não tenta parecer a amizade ideal, porque é nessa mesma intenção tão autêntica e próxima da realidade que ela consegue ser assim – por trás de toda a sua humanidade.