você está lendo Não dá para idealizar ninguém
inspira

Foto: Ronny Garcia

Sabe aquele carinha da sua sala, de quem você tanto gosta? Sabe todas as vezes que você o defendeu com unhas e dentes quando falaram que ele não era o cara certo? Sabe aquelas horas em que ele deu mancada e você ignorou, só porque sentia que tudo havia acontecido por um motivo maior, que não dependia de vocês?

Deixe a gente te contar uma coisa: às vezes, o amor nos confunde.

Não que ele necessariamente não seja o cara ideal para você, isso é uma decisão sua. Mas a gente sabe que, aí dentro, tem horas que você o vê livre de qualquer defeito, restando só as qualidades. E um pouco mais: além do que ele é de verdade, no pacote você vai colocando tudo o que acha que ele seja também. No fim, o que acontece? O resultado é a imagem da pessoa perfeita.

Só que ele não é perfeito.

E a gente sabe que, no fundo, você sabe disso. A realidade fica guardada numa caixinha de tranqueiras que você prefere deixar guardada, intocável. E então sobra um cotidiano ludibriado, como se tivessem passado um perfume irresistível sobre tudo – aí você é guiada apenas pelo cheirinho bom.

A verdade? Ela fica de escanteio. Porque você vê redenção em seus defeitos e anseia pelo dia em que ele vai mudar e te dar mais valor. Mas, olha, é melhor parar com isso enquanto é cedo.

Os dias que passam não voltam mais. A gente vive algumas coisas, depois olha para trás e vê todo o tempo que desperdiçamos com idealizações. Como é maluca a nossa habilidade de jogar fora horas que seriam melhor aproveitadas de outra forma!

Só que continuamos ali, cultivando um altar imaginário para alguém que, certamente, não está pensando na gente neste mesmo momento. Entende? Você pensa que estão ligados, mas é só você quem tá ligando.

Balde de água fria? Talvez. Esse texto não é para você deixar de gostar dele, perder a fé na humanidade ou qualquer coisa parecida. É só para tentar te mostrar que dá para levar tudo de um jeito mais leve e gostar sem criar tantas projeções e expectativas. Deixe os devaneios para o que importa!

Entenda: não dá para levar a vida fantasiando tudo numa peça de romance em que, no final, só sobra você no elenco.