você está lendo Se nós morássemos nos livros que lemos
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Foto: Marta Bevacqua

Costumo dizer que amo a leitura porque o verbo que define a ação não é apenas “ler”, mas também “mergulhar”. Um mergulho em histórias. E não é um pulinho raso, viu? É um salto daqueles ornamentais, quase olímpico. Convicções à parte, se existissem medalhas para tanto, eu as ganharia.

Cada livro é uma imersão completa.

Quando começo a folhear as primeiras páginas, logo deixo de estar aqui e vou para dentro daquele mundo, seja qual for. Parece até uma máquina do tempo, porque perco totalmente a noção e a dimensão das coisas e, então, os minutos viram horas – em algumas poucas linhas. Bem… poucas não, mas é o que acaba parecendo no fim das contas. Como mágica.

Tão bom que a gente sente estar vivendo aquilo. De certa forma, dá até uma sossegada no coração: sabe a urgência de realizar nossos sonhos? Nas histórias, a gente pode e faz. Ainda acabamos indo muito além! Surpresas atrás de surpresas, sensações são despertadas e não precisamos nem de máquinas de realidade virtual.

Porque é real. Somos pegas pelas mãos pelo personagem principal e partimos numa jornada sem volta. Depois que você entra, não tem como sair. É claro que, se o cansaço te pega, por um instante que seja, você acaba fechando o livro, como uma batida de palmas em pleno silêncio. Tudo se rompe. O susto: a volta para a praia de brisa fresca depois de sair da água quentinha.

E aí eu penso: como seria bom se a gente pudesse passar umas férias em cada livro que lemos – ir morar naqueles mundos por alguns instantes e vivenciar na pele todas as aventuras que já sabemos de cor… Pense rápido: para onde você iria primeiro?

Se pararmos para pensar, no fundo já o fazemos. Não entramos de corpo, mas de alma: nossos corações sabem certinho qual é o caminho exato a ser percorrido para viver o que está escrito nas páginas amareladas. Tornamos cada obra um lar temporário e sabemos que, em todas elas, sempre poderemos morar.