você está lendo Que setembro traga ar puro
olhe-para-fora

Foto: Reprodução/Tumblr

Hoje eu acordei com vontade de ser outra pessoa. Por um segundinho só, que seja. A verdade é que me levantei um pouco cansada de tudo isso, de mim mesma, de corpo e também de alma.

Como se estivessem pesados, meus ombros pedem um descanso de algo que nem está apoiado neles. Me olho no espelho e vejo alguém que precisa de uma pausa: um intervalo ou até mesmo um ponto final para começar uma nova estrofe, bem diferente da última.

Estranho. Normalmente, nós acordamos um pouquinho mais sossegadas e calmas, com os movimentos lentos de quem ainda não assimilou o dia que virá pela frente. Mas, por aqui, a sensação era de quem havia corrido uma maratona: exausta, eu só queria tirar toda aquela roupa e tomar um banho.

A roupa era tudo o que estava marcado em mim. Já o banho poderia ser as águas de novas experiências ou, sei lá, uma nova vida. Era isso: acordei na ressaca de uma versão de mim que eu não queria mais, com a qual já não me identificava. Daqui para frente, tudo ao meu redor clamava por novidade e paz.

Se tivesse como deixar no chão de banheiro tudo aquilo que passou, eu deixaria. E sairia dali dando os primeiros passos e escrevendo as primeiras linhas de um novo capítulo, mesmo que ele começasse assim, de forma tão simples, na travessia até o meu quarto.

Porque eu me sinto exausta.

Agosto passou e não fechou uma boa conta e, agora, me sinto em dívida, mas ainda pretendo gastar mais um pouco. Na verdade, nem sei o que quero, porque não me enxergo mais em mim mesma.

A vontade é apenas uma: me revigorar.

Sentir aquele frescor de banho de cachoeira fria, do vento rápido no rosto, do frio na barriga da paixão, que, tão fugaz, poderia dar lugar a um longo tempo, desta vez, para variar. Seria interessante provar destas sensações tão empolgantes nos próximos trinta dias, sem interrupções, sem espaços para a dúvida, a tristeza e todas aquelas velharias que me assombram agora.

Mas eu não sei por onde começar… só sei que, aqui dentro, segue apenas a vontade de me libertar desta caixa que me prende e colocar o rosto para fora, inspirando aquilo que sei que está por vir.

Meu desejo para setembro? É que me traga ar puro.