Efeitos alheios

20 de julho de 2016
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Foto: Rhiain Bower

Foto: Rhiain Bower

Eu só precisava de um tempo da realidade.

Não é como se eu não tivesse dado o melhor de mim. Fiz o possível e sei que me doei o bastante para tudo aquilo que estava acontecendo ao meu redor, mas parece que, depois de um tempo, os esforços não foram suficientes para que as coisas continuassem bem. Sinto que nunca haverá um mês 100%, em que, de fato, a conta fechará certinho e o sorriso continuará no rosto.

Veja bem, eu sei que às vezes consigo exagerar um pouco, mas agora não é drama da minha parte. Eu só queria a tranquilidade de olhar para os lados e ver o meu mundo em harmonia. As coisas em casa, aquelas lá fora, os assuntos com os amigos e também com o coração. É pedir demais para que, ao menos, a vida seja serena?

O que acontece é o inverso. Como se, enquanto eu corresse atrás da paz, ela tomasse fôlego e partisse para longe de mim. 

A conclusão que tiro disso é que os acontecimentos independem da minha vontade. Tudo parece estar sob os efeitos do acaso e o mundo vira uma tremenda confusão.

Sei que não sou a dona do poder, aquela que consegue controlar o tempo, a chuva, as nuvens que se abrem no céu e os horários marcados para as provas no final do bimestre, mas seria bom se pelo menos o que afetasse diretamente a mim, de forma tão marcante e profunda, fosse somente o resultado de meus atos passados e das sementes que plantei lá atrás. 

Não é tão fácil assim.

Os efeitos vêm de todo mundo e acabam desembocando aqui ao meu lado. Assim como um navegante num rio poluído, vou flutuando enquanto vejo pessoas despreocupadas lançando sua garrafinha de plástico pela janela do carro.

Talvez estejam querendo me atrapalhar… Ou talvez seja somente mais uma ação impensada de quem não se importa. Ninguém sabe o quanto um gesto tão simples faz o meu dia virar do avesso. Também desconhecem como isso pode ser difícil para mim.

E eu só queria ver tudo fluindo bem e em sintonia, sabe? Sem pausas. Sem intervenções bruscas que quebrem tudo aquilo que construí quando os dias estavam em ordem. Sem brigas desnecessárias. Sem sofrimento.

Por isso que é tão difícil reerguer a cabeça depois de ver as coisas darem errado mais uma vez. Sei que sempre haverão consequências. Mas seria bom se, pelo menos agora, elas partissem somente das forças e energias movidas por mim. Seria mais fácil de lidar. Será?