você está lendo Você não é o garoto da propaganda de refri
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Reprodução/Reddit

Eu imaginava o grande amor da minha vida de um jeito muito particular. Ele era parecido com o cara descolado que protagonizava a propaganda de refrigerante e tinha o cabelo desarrumado daquele jeito quase proposital e irresistível, sabe? Eu também acreditava que ele curtiria curtir todas as bandas antigas das quais sempre gostei e, talvez, até cantaria uma música ou outra especialmente para mim (depois de longas conversas sobre todos os assuntos complexos que existem no mundo). E não acabou: eu ainda embrulhava todos estes pensamentos com as cenas dos filmes românticos que aconteceriam quase que da mesma forma para mim também. Sim, eu teria essa sorte.

Tudo bem, dei com a cara na porta muitas vezes. Sempre que aquele sentimento de paixão passageira me abandonava, eu caía em mim, pensando “ele não tinha nada a ver comigo mesmo!”. E aí o garoto da propaganda de refri voltava à minha mente. A personificação de tudo que eu queria ver num outro alguém, ali, representada no rosto de uma pessoa que eu nem sabia quem era, como se chamava ou se sequer morava aqui, nesse país.

A verdade é que depositei todos os meus sonhos bobos de amor em um rosto que me agradou fácil. E não teve para mais ninguém, viu? As boybands podiam aparecer, os artistas de novela e os famosos americanos podiam mobilizar uma multidão de apaixonadas – nenhum deles fazia a minha cabeça. Por isso que, quando te conheci, não mergulhei de cara, tive cautela. Posso soar um tanto patética, mas é verdade: a sombra do garoto da propaganda me perseguia e eu não aceitaria nada menos do que aquilo. De certa forma, até que foi bom, sabe? Depois de aceitar qualquer um que me dissesse algumas palavras bonitas, isso me fez resistente.

Não estava sendo seletiva, até porque não era exatamente aquele rosto bonito que eu procurava. Ele só carregava o significado de todos os sinais que eu acreditava que fariam, sem sombra de dúvida, o meu coração bater mais forte. Não achei que estava pedindo muito. Por isso, fui aos pouquinhos descobrindo mais sobre você. E então percebi que eu podia ter ao meu lado alguém ainda melhor do que o cara dos meus sonhos.

Tenho que ser sincera: você faz piadas péssimas, esquece a toalha molhada em cima da cama, não tem muita paciência com os meus filmes de romance e também não curte muitas das bandas que eu sempre amei. Mas você tem uma qualidade que passa por cima de qualquer característica sua. Uma que eu não tinha conhecido em nenhum relacionamento anterior e que fez toda a diferença. Você se interessa por mim de um jeito que eu nem sabia que era possível. Tanto que nunca usei isso como referência no meu modelo de cara ideal.

Você zela por meus próximos passos, por minha felicidade e pela minha vida. Tudo isso sem ser um cão de guarda – jamais! Mas você me compreende e sabe me dar as mãos nos momentos em que preciso. Quando necessito seguir sozinha, você consegue me tranquilizar, dizendo que estará me esperando do outro lado. Sempre me provando que consigo mais, que sou mais forte do que realmente acredito ser e me fazendo ultrapassar cada barreira que se ergue em frente ao chão.

E sabe de uma coisa? Além de todo o amor, era justamente disso que eu precisava. Aliás, ouso dizer que todos os relacionamentos precisam. Porque ninguém pode aceitar menos do que merece.

Não é só uma aparência bonita e um jeito legal que fazem com que a gente se sinta feliz na companhia de alguém. Não é só o sentimento, mesmo quando é grande e intenso, que nos cativa, sempre despertando aquele olhar admirado que crê, dia após dia, que alguém é incrível em seus grandes e pequenos detalhes.

Tem que existir esse empenho sincero em fazer o outro se sentir especial e em ajudar a reafirmar, aos pouquinhos, toda a nossa valentia e garra para correr atrás do que sonhamos.

É sério: o garoto da propaganda de refri ficou muito para trás.