Ainda bem que demorou

06 de novembro de 2015
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Aquele dia, no teatro, perguntei para você onde eu deveria retirar o meu ticket. Te achei interessante, não nego. Mas eu estava com pressa e, você, no centro de um grupo enorme de amigos. A vergonha apertou um pouquinho e, por causa disso, fui bem breve, direto ao ponto. Você me explicou cuidadosamente e, depois disso, passamos cinco anos sem nos ver. Nunca cheguei a saber qual era o seu nome.

Depois de muito tempo, o aviso na rede social apitou. Eu podia ter ignorado aquela solicitação de amizade. Ué, eu nem te conhecia! Arrogante da minha parte? Talvez. Mas entre tantas e tantas chances em um universo enorme de possibilidades, é algo que poderia ter acontecido, isso não dá para negar. A luz podia ter caído, a pressa podia ter me chamado e, eu, esquecido que seu nome estava lá para ser aprovado. Mas eu te vi, notei os amigos em comum e apertei o botão que te aceitou.

É verdade. Eu poderia ter ido dormir mais cedo e não ter finalizado aquela conversa em que nos conhecemos tanto. Eu não saberia que você também amava brigadeiro de panela e nem que se amarrava em fotografia. Não descobriria quantos irmãos você tem e todas as aventuras que já viveu com eles. Não madrugaria com você mandando áudios tocando violão pra mim e jamais saberia que você já tinha aprendido a tocar a minha música favorita. No final da conversa, também não iríamos acabar falando (por acidente! Quem imaginaria?) do dia no teatro, onde nos encontramos pela primeira vez. Achamos tanta graça, lembra? Mesmo que pouco, pouquíssimo, quase nada, a gente já se conhecia! Eu não adivinharia tudo isso…

Eu poderia não estar em casa no dia em que você apertou a campainha para me trazer aquele milk-shake – eu gostei tanto! O sabor que você escolheu se tornou o nosso favorito e, confesso: não ligo nada pras gordurinhas a mais ganhadas por tomar um daqueles, religiosamente, em todas as tardes de domingo.

Poderia ter feito diferente, mas não fiz. Poderia não estar ali, mas estava. E você chegou de mansinho, como quem não quer nada, me fazendo perceber que me apaixonei. Mesmo, de verdade. Foi pra valer que o meu coração detectou que o seu era uma nova morada. Não consegui segurar as bochechas coradas, o meu jeito de enrolar as pontas do cabelo, nervosa, e você se interessou, achando graça em todas essas minhas manias – tão minhas! – que me fizeram ser assim, tão única pra você. Estava feito.

Se a gente parar pra pensar, demorou pra acontecer. Ainda bem! Ainda bem que aquela vez no teatro não rendeu uma conversa grande. Quem sabe o que sairia dali? Ainda bem que aqueles relacionamentos anteriores passaram por nossas vidas e não deram certo. Amadurecemos muito com eles, né? Ainda bem que, no tempo e na hora perfeita, a gente se encontrou.

E entre tantos e tantos momentos em que cheguei a pensar que não haveria ninguém nesse mundo que fosse o meu match perfeito, descobri em você uma companhia ainda mais incrível do que eu poderia um dia imaginar. Demorou, mas começamos a nossa mais longa e mais linda história de amor.