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No filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, a personagem Eva, interpretada por Claude Perron, solta a frase “os tempos são difíceis para os sonhadores”. Talvez essa seja uma das cenas mais impactantes no filme todo para mim. E nem preciso perguntar para vocês se já perceberam isso. Todos nós fazemos parte de um grande grupo de sonhadores.

A realidade pode ser cruel. O mundo requer de nós um amadurecimento rápido e rasteiro, não dando tempo para aqueles que possuem um ritmo um pouco mais lento. Muitos sonhos são destroçados no meio desse caminho e a vida não está nem aí. Por isso, até entendo aqueles que desistiram de buscar seus sonhos e colocaram seu mundo no automático. Dói menos.

Olhamos à nossa volta e vemos um cotidiano que não para, que não tem tempo para os sonhadores. Multidões que andam de passo acelerado sem sequer perceber como o céu hoje está bonito, como o dia de hoje é bom para se viver. É casa, trabalho, casa. Não é à toa que tanta gente só consegue sentir um toque de felicidade quando chega sexta-feira – nos outros dias, se esforçam muito apenas para ter forças e levantar da cama.

Nós, sonhadores, somos soldados. Fazemos um curativo novo a cada “não vai dar certo” que escutamos. Tomamos decepções no café da manhã. Pessoas que subestimam os nossos sonhos só são mais algumas nesse grande campo de batalha que se tornou a vida. E, sim, teremos paciência, porque elas são apenas antigos soldados que desistiram da guerra.

Não temos sonhos caros. Não precisamos de um castelo no interior da França (ou precisamos, vai saber). Queremos todos apenas ter a liberdade de seguir o caminho que desejamos seguir e, se precisar, arcar com as consequências dessa escolha. É, os tempos são mesmo difíceis para os sonhadores. Principalmente para aqueles que decidiram encarar a cruel realidade. Assim como Amélie Poulain, sabemos que não é fácil, mas é pior ainda ter que conviver com uma vida sem sonhos.