Quebra de contrato

21 de novembro de 2013
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Uma das regras pra isto dar certo era eu não te amar. Não ter essa necessidade louca – quase doentia – de te ligar às 16h45 de uma segunda-feira só para te contar uma besteira do meu dia. Para a coisa engrenar, eu tinha que abominar essa saudade que sinto da sua voz. Tinha que achar ridículo esse seu jeito bobo de me fazer sorrir por qualquer coisa, independente do meu humor. Tinha que rir dessa minha mania de te olhar e ficar assim: toda boba.

Para ir pra frente, tinha que ser só corpo no corpo, olho no olho, boca na boca, louca paixão. Tinha que ser fácil, simples, rápido, leve. Tinha que ser tudo aquilo que as pessoas esperam quando saem por aí procurando qualquer coisa – qualquer coisa! – menos amor. Porque, afinal, quem é que quer estragar tudo colocando sentimento onde até então nem existe nada? Quem é babaca de querer estragar o que, até ontem, a gente tinha?

Para você sair ileso, já te aviso, a gente tinha que ter aquele ar eterno de facilidade dos rolos de finais de semana. Das ligações só de vez em quando. Das mensagens a cada quinze dias. A gente tinha que ser uma daquelas pessoas que conseguem carregar a leveza de amizades coloridas, casos sem importância, pegar-só-por-pegar. Para não ter erro, a gente não deveria nunca ter virado um casal.

Tava no contrato, simples, claro, óbvio: “nem inventa de colocar sentimento”. “Não repete o mesmo script de todos os seus outros relacionamentos inacabados”. “Foge desse problema enquanto é tempo”. Mas eu não li as letras miúdas, não acreditei nas cláusulas, não entendi o peso da minha assinatura na página final. Descumpri as regras e agora pago os erros de ser uma dessas coitadas que não conseguem separar razão de emoção.

Uma das regras pra isto dar certo era eu não te amar. Era não ter enfiado amor, carinho, preocupação, cuidado, saudade, atenção. Era eu ter deixado bem longe os ciúmes, as neuras, os problemas, o sofrimento, o desespero. Era eu ter fugido da vontade de te ligar, te ouvir, te ter na minha rotina, no meu dia, na minha vida. Mas quem foi a babaca que resolveu colocar amor na equação? Coitada! Agora só me resta pagar a multa por ter confiado no doido do meu coração.