Ainda

11 de setembro de 2013
você está lendo Ainda

texto-comportamento

Se eu tivesse que escolher uma só pessoa para ter de novo nos meus dias, esse alguém seria você. Com todos os seus defeitos, com as suas mancadas, com o tanto que você partiu meu coração. Porque ainda é de você que eu lembro quando alguém fala de amizade. Ainda é seu nome que aparece na minha cabeça quando escuto algum rock antigo. Ainda é o som da sua risada que invade a minha casa no domingo à noite, quando começo a questionar todas as decisões da minha vida. Por mais que eu tenha tentado, de todas as formas possíveis e imagináveis, ainda é você. E eu quis muito que não fosse.

Mas eu já falei muito de amor. De relacionamentos inacabados, paixões fugazes e decepções inesquecíveis. Eu falei de corações partidos. De lágrimas, de tentar esquecer, de tentar superar. Falei de saudades absurdas. E falei de você em cada entrelinha de todos os textos da minha vida. Porque você passava por cada uma das minhas maiores dores. Mas eu não quero mais falar sobre o nosso passado. Eu não quero falar do que a gente foi – esse casal sem encaixe que tentou tanto se encaixar. Hoje, só hoje, eu queria mesmo era falar sobre tudo aquilo que a gente ainda pode ser. Eu queria falar de perdão.

Sei bem todas as minhas últimas palavras. Aquela promessa não cumprida de que eu iria te esquecer. Aquele juramento de que nunca iria perdoar. Você me conhece (ou conhecia, já não sei mais). Meu ascendente é escorpião. Meu sobrenome é vingança. Meus pontos finais – com você, ao menos – são sempre marcados por uma dose de rancor. Mas de que adianta fingir que você nunca mais irá fazer parte da minha vida se eu ainda abro um sorriso enorme ao me lembrar da forma que você me abraçava apertado no meio dos filmes de terror que tanto odiava?

Eu ainda imagino um futuro ao seu lado. Ainda imagino nossa casa, nossos filhos, nossos sonhos e nossos planos. E depois me culpo por isso, porque não posso mais te imaginar comigo. Minha mão tenta te puxar, mas meu cérebro insiste que você errou demais. E quando é que a gente sabe se o amor consegue preencher os buracos que as desilusões causaram?

Mas eu te amo. Ainda, com toda a nossa história torta e cheia de falhas. Eu te amo com seus erros. Eu te amo com nossos gritos, nossas brigas, nossas conclusões precipitadas de que não daria certo. Eu te amo ainda que a gente tenha desistido todas as vezes que tentamos, antes até de ter tentado de verdade. Eu te amo mesmo que você tenha me magoado, porque sei que tenho minha responsabilidade em cada uma das minhas decepções. Eu te amo quase sem expectativas. Porque meu amor deu de goleada no orgulho, mandou o rancor para bem longe e apagou qualquer resquício de vontade de me vingar. E, por tudo isso, hoje, eu decidi que te amo também com meu perdão. Porque eu te amo. Ainda.