você está lendo No more bullshitagem!

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Faz pouco tempo que eu tomei uma decisão na minha vida. Chega de bullshitagem das amigas. Se você não sabe o que é isso, eu explico. A bullshitagem (do latim, bull shitum) nada mais é do que aquelas situações onde você está com a sua amiga (e às vezes outras pessoas também) e ela dá uma mancada feia. Não é do tipo “ai meu deus, ela combinou bolsa preta com sapato marrom!”, é do tipo esfregar a sua amizade na lama: quando ela publicamente menciona algo que você contou em segredo, quando ela faz piadas com os defeitos que você não gosta em si mesma, ou por algum acaso ela é rude, fria ou agressiva com você.

Todo mundo já passou por essa situação pelo menos uma vez. Eu tive o azar de passar mais do que isso. Tudo começou com uma amiga de infância que era cheia da bullshitagem pra cima de mim, mas com os outros ela era um doce. E ninguém acreditava quando eu contava as coisas que ela fazia, todo mundo só dizia: “Calma, Lully. É o jeito dela, você tem que entender”. Por isso, sempre achei que o problema era comigo e que eu devia ser uma “boa amiga” e dar amor e carinho pra pessoa que só me dava patadas. Resultado: depois de anos ~entendendo o jeito dela~, eu me cansei e cortei relações de vez. Agora, nem com amor, nem sem amor. Chega.

Recentemente, aconteceu de novo. E de novo eu ouvi “calma, é o jeito dela”. Só que finalmente uma amiga falou o que eu pensava esses anos todos: “poxa, mas se eu tenho que entender o jeito dela, ela tem que entender também que o jeito dela me magoou!”. Eu sempre fui uma pessoa super positiva, que acha que mesmo quando as pessoas maltratam os outros, a gente deve devolver só coisas positivas, para que isso “contamine” o ambiente. Estilo Bob Marley (só que sem a maconha), dizendo que o amor cura o mal. Mas tem um momento em que a gente cansa, né?

Depois desse episódio (que não foi único, inclusive), esbarrei num post sobre 20 coisas que você deve superar aos 20 e poucos anos e adivinha só? Número 17: amizades ruins. A dica é curta, então vou traduzir aqui: “Existem pessoas suficientes no mundo, então eu prometo que com um pouquinho de esforço você vai encontrar amigos dos quais você realmente goste”. Simples assim. Basicamente, chega de bullshitagem. Chega de aguentar o jeito dos outros, tá na hora dos outros me entenderem um pouco também.

Veja bem, quando eu digo isso, eu não quero dizer que você deve simplesmente cortar relações sem nem ao menos dar uma satisfação. Eu acho que o diálogo é sempre pertinente. Conversar ajuda as pessoas a entenderem o seu lado e você a entender o lado delas. Só que em todos os casos onde eu cortei alguém da minha vida, houve inúmeras tentativas de conversa pelo meu lado e todas em vão. Às vezes até rolava um papo e a pessoa pedia desculpas. Mas no fundo, a gente sabe que não dá pra mudar os outros. Nesse caso, é melhor aceitar a incompatibilidade e não culpar nem o outro, nem a si mesma. Cada um segue seu rumo.

Existe um limite para o tanto que a gente “tem que entender”. Tem momentos em que a gente precisa ser entendida, e se só estamos cercadas de amigas que exigem esse tipo de compreensão (mesmo que indiretamente), como podemos nos sentir seguras? Todo mundo precisa de um amigo ou amiga que seja fácil de lidar, que não dê trabalho, que seja uma amizade confortável e confiável. Por isso, melhor filtrar o tanto de amizades que você “entende” e que precisa jogar seus sentimentos pro cantinho. Dê preferência às pessoas simples: de lidar e de amar.