Um errinho

11 de maio de 2013
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helena

Foi só um erro. Um errinho. Uma hora, ou talvez 26 minutos, sei lá, que mudaram tudo. Fico pensando nisso antes de dormir. Em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas não depende de mim. Ou melhor, não dependeu de mim. Agora depende. Mas agora é fácil demais dizer que tudo pode ser de um outro jeito daqui para frente. Pois é tarde. O ponteiro do relógio já girou um milhão de vezes. O sol nasceu e se pôs, de um jeito lindo que fiz questão de fotografar, umas trinta. Eu, mudei de casa, empurrei móveis sozinha e fiz novos amigos. Que graças a Deus, você nem conhece. Sabe, eu fui em bar muito legal. E pela primeira vez em semanas, me diverti. Deixei que conhecessem a Helena. A sua Helena.

Tive várias conversas. Desabafei até não conseguir mais me ouvir contar a mesma história. No fundo eu queria que me dissessem o quão idiota você foi. Principalmente aquelas pessoas que viram o quanto eu me esforcei para dar certo. Mas disso, eu já sabia. E sabia também que era questão de tempo para você assumir que é uma criança. Daquelas que fazem arte e saem correndo para chorar no colo da mãe. Agora ela já não pode fazer nada por consertar os seus erros, né? Que peninha.

Te abstraindo da minha vida, percebi algumas coisas. No trânsito, que sempre odiamos, por exemplo. As luzes vermelhas pra cá e as brancas pra lá, podem me acompanhar até lugares inesperados. Avenidas. Muros pichados. Árvores solitárias. Novos andares. Os meus amigos. Nada como uma desilusão amorosa para gente aprender a valorizá-los. E perceber os que não dão a mínima também.

Não te odeio, porque, sinceramente, você me fez é bem. Tive que me virar sozinha. Dizem que amadurecemos mais rápido quando somos obrigados, né? É verdade. Se antes me davam 20, agora passo por 25 com certeza. Não estou falando de aparência. Porque eu continuo tendo aquela cara de menininha de sempre. Na verdade, meu cabelo cresceu mais um pouquinho e estou me sentindo mais bonita. Estou falando de atitude. Palavra bonita essa, né?

A solidão tem dois lados. Embora a felicidade geralmente esteja na companhia de alguém, ficar sozinha em casa também é um jeito de descobrir o caminho. Para parar de ficar pensando em tudo o tempo todo, sabe? A resposta das perguntas que fiz quando me mostraram quem você realmente é estavam, como disseram, no tempo.

Nesses meses, algum vez, você realmente conseguiu ser você perto de mim? Sei lá. Talvez quando me contou aquele segredo de família no chão de sala e eu sem dizer nada,te abracei. Ou quando no banco da pracinha, antes da viagem, jurou que não tinha graça sem mim?

Tinha sim.

Tudo bem. Não precisa se sentir tão culpado. Foi um erro. Um errinho. Que deixou uma dor. Uma dorzinha. Que tá passando. Dia após dia. Página após página. Texto após texto. Mensagem após mensagem. Era para ser assim e o que podemos fazer? Apenas foi.