você está lendo Os planos que a gente faz (e desfaz)

desabafo

Amar dói. Cada parezinha do corpo. Como se existisse mais de um coração batendo ali dentro. É uma febre. Uma febre que queima de dentro para fora. Um jeito que o organismo encontrou para avisar sobre a existência de um invasor desconhecido. “Ei, tem alguém querendo ocupar o espaço da sua felicidade. Não, espera, parece que ele só quer protegê-la. Multiplicá-la. Acaricia-la quando tudo aí fora estiver desmoronando.” Isso, meus caros, é amor.

É um milagre, mas só isso não basta. Nunca bastou. Até onde eu sei, dizer palavras bonitas e ganhar cafuné antes de dormir não é nenhum tipo de desafio. E amar é o maior desafio que nós enfrentamos enquanto humanos, nesse mundo. É complexo. Porque trabalhar oito horas por dia é cansativo. Estudar cinco dias por semana é um saco. Já para suportar um sentimento nobre e real dentro do peito, não existe hora. Muito menos férias ou feriado. Ele está dentro de você. Do momento em que abre os olhos ao momento em que finalmente consegue vencer a insônia. Alguns dias, também dá as caras nos sonhos. E nos pesadelos.

O amor vem dentro de uma pequena caixa.  Vem acompanhado. Com ciúmes, a insegurança e a intimidade. Cada pessoa abre de um jeitinho diferente. Alguns gritam e compartilham com o mundo. Outros jogam o pacote longe e correm o mais rápido que pudem. Os corajosos que se arriscam e vão em frente, precisam de uma espécie de manual para usá-lo da maneira correta. Não é um papel que vem junto ou pode ser encontrado no google. São leis que nascem com a gente. Admiração, respeito e honestidade. Sem ele a caixa não vale para nada. Talvez para alcançar alguma coisa. Para ocupar um espaço vazio. Mas no final das contas, é só uma caixa maciça e sem valor.

O amor não gosta de contratos. Alianças de ouro não servem como moeda de troca. Ele não dá a mínima para cor, idade ou classe social. Se tentar, vai ver que é impossível obrigar alguém a entender e aceitar um sentimento. Também, se despedaçado, não volta jamais a ser como antes. As feridas não cicatrizam, elas param de doer. Mas as marcas ficam lá. Como queimaduras que jamais deixaram de despertar lembranças ruins. Ou se você olhar de um outro jeito, necessárias.

Promessas não garantem um final feliz, pleno e definitivo. Cada pessoa tem seu tempo e o amor não dá a mínima para o ponteiro do relógio. Passam dias, passam meses e os planos? Fazem e se desfazem o tempo todo. Por bem, ou para o bem. Já você, minha querida, continua inteira. Portanto, trate já de fechar essa caixa vazia e guardar pertinho das outras.  A felicidade logo se acostuma com o espaço que sempre teve.