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Eu tentei te avisar de todas as maneira a minha maneira de amar, mas você queria tudo a sua maneira. Eu gritei, do meu jeito bem quieto, que queria ser gritada, pois um dia você me disse que o silêncio tem um som alto. O silêncio está ecoando, meu amor, e cadê você?

Do meu jeito torto, me fiz ausente pra estar presente, pois esse meu jeito meio indireto é fruto de tanto falar o que sentia e não ouvir resposta, esses meus rodeios são um pedido pra que me rodeie com seus braços numa noite fria. Essa rejeição é só uma suplica pela sua suplica.

Essa autoconfiança é só a minha carência correndo para não ser pega, esse meu jeito de dançar, meu amor, é só meu jeito cantado de te chamar. Vem, meu amor, corre pro abraço.

Essa força e liberdade é meu lado sentimental pedindo aquela sua risada no meu ouvido, aqueles dedos acariciando minha nuca e aquele olhar. Lembra, meu amor? Aquele olhar que vem do coração. Esses braços cruzados são como mãos estendidas te chamando para seguir esse caminho longo e despreocupado comigo. Essa roda de pessoas a minha volta, sou eu te impondo a condição de ser só sua.

Essa linha de seca é só meu jeito de dizer que me derreto ao te ver passar, essa serenidade é só mais uma paixão disfarçada. Meus olhos fechados é só meu jeito de abrir meu coração para você entrar. Mas, por favor meu amor, entre com cuidado, há uma bagunça enorme que só você pode organizar. Não faça muito barulho, mas venha de uma vez, meu amor. E caso queira sair, só saia quando meu coração estiver limpo e quando eu lhe sorrir e disser “que sejamos assim, meu amor”. Que seja assim.

Te prometo que mesmo em meio a multidão, com aquela cara amarrada para disfarçar a satisfação de te ter por perto, irei piscar pra você entre uma música e outra. E no fim da noite tirarei o sapato, perderei a pose e me jogarei nos seus braços. Então você me verá no meu lado mais intimo e te perguntarei “quem é mais sentimental que eu?” e você me prometerá não correr quando eu disser “eu só aceito a condição de ter você só pra mim. Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir e rir.”

Por que te faltou coragem, meu amor? Por que você correu? Eu quis te convencer que essa muralha é só aquele meu lado doce escondido que quase ninguém vê. Eu quis te convencer, mas tenho que aceitar que não cabe a mim, não posso amar por nós dois. O pior amor é aquele que precisa se esconder, aquele amor retraído, e se não sabe aceitar o que tenho a dar, meu amor, sinto muito, mas então é hora de terminar. Terminar antes que comece. Mas esse é só o começo do nosso fim, porque de quase amores que morrem é que nascem as minhas histórias. E vou deixar que o tempo aja da maneira sutil e mágica dele, pois não é só de emoção que fui feita, ainda restou algo racional aqui dentro, meu amor. Vou deixar que o tempo lhe mostre tudo que tinha a oferecer. Melhor que falar é mostrar. Melhor que mostrar é deixar perceber. E uma hora você perceberá que existem amores inteiros, amores que não se alimentam de quases, como o meu. Eu juro, meu amor, que tentei te avisar de todas as maneiras, a minha maneira de amar.