Leitura de vestibular!

06 de novembro de 2011
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O ENEM já passou e mais uma vez cheio de complicações. Mas, os vestibulares das Universidades Públicas estão apenas começando. Nesse domingo (6) acontece o da Unesp, no próximo da Unicamp. No final do mês vem a temida prova da Fuvest, em dezembro Unifesp, Fatec e assim por diante. Isso sem contar a segunda fase.

Acho que a essa altura todos já tem de cor e salteado as leituras obrigatórias dos vestibulares, não é mesmo? Hummm, para aqueles que olharam para o lado ou que correram no Google para  tentar descobrir quais eram os livros, bom esse post é para vocês. Agora, se você faz parte da turma engolidora de livros, nada melhor do que dar uma revisada nos últimos dias antes das provas.

Bom, caso você seja o estudante desesperado que decora todas as páginas e capítulos, bem como nome dos personagens e a cor do cabelo de cada um deles, em certo ponto você está no caminho certo. É bom estar familiarizado com a história e as personagens, mas o decoreba nesse caso não funciona  tão bem. Aqueles que não são “marinheiros de primeira viagem” já sabem do que estou falando, mas se é a sua primeira vez, vamos descobrir juntos.

Quando aparece uma questão de matemática na prova, você não se depara com exercícios de soma ou subtração isolados como acontecia na quarta série, certo? O mesmo acontece com os livros. A questão não terá como pergunta qual era o nome da mocinha por quem Bentinho se apaixonou. O que acontece é a chamada intertextualidade.

Inter o quê? Intertextualidade é quando um texto é criado a partir de outro. Ou ainda, o diálogo entre diversas áreas do conhecimento. Sendo assim,a obra vem relacionada com o período em que foi escrita e suas caracteristicas. Mais do que saber se naquela época as mulheres já usavam soutien ou não, é importante conhecer o estilo de escrita de cada autor e qual a situação politica-social do período da obra.

AimeuDeusdocéueagoraeunãoseinadadisso!!!! Calma, calma lá. Claro que apenas alguns parágrafos não recuperam o tempo perdido.Na verdade, não tão perdido, porque tenho certeza que todas essas informações já estão bem guardadinhas ai dentro, vamos apenas apresentá-las umas as outras. Pois bem, história prazer em conhecer literatura. Literatura prazer em conhecer sociologia.

Pronto! Agora, vamos lá buscar o que cada obra tem de mais interessante e mais particular para podermos tirar de letra (desculpe o trocadilho) esses temidos vestibulares. 

Auto* da Barca do Inferno

O livro é de autoria de Gil Vicente, autor português.Foi escrito na transição da Idade Média (1517) para a Idade Moderna e isso está bem destacado no decorrer do livro que ao mesmo tempo em que satiriza a sociedade (característica do período moderno) também possui enfoque na figura de Deus, comum nos textos d,a Idade Média.

A história acontece em uma espécie de porto, onde duas barcas, uma conduzida pelo Anjo e outra pelo Diabo, esperam para levar as almas ou para o paraíso ou para o inferno, respectivamente.

Todos os personagens que chegam vão para a barca que leva ao Inferno, com exceção do parvo (pessoa ingênua) e dos Cavaleiros (que lutavam pela Igreja). Para o Inferno vão: O fidalgo, o agiota, o sapateiro, o frade, a alcoviteira, o judeu, o corregedor e o procurador  e o enforcado.

Os “pecados” que levam esses mortos a embarcarem com o Diabo, estão relacionados, à corrupção, luxúria, mentira, falsa moral religiosa, prostituiçaã, não aceitação do cristianismo. A ironia do texto consiste em colocar o mundo em uma moral definida apenas pelo bem ou pelo mal, segundo os valores vigentes da época.

*auto – pequena peça de representaçao teatral.

O cortiço

Apesar de não ser documento histórico, muitos historiadores acreditam que a obra traz um relato das relaçõ3es sociais do Brasil do século XIX.  O cortiço* da trama é localizado no Rio de Janeiro e destaca-se mais do que as próprias personagens, é ele quem determina o caráter moral de quem o habita; ele tem vida por si só.

O autor do livro é Aluisio Azevedo que o escreveu sob cunho Naturalista. A desigualdade social é temática presente, mas, ao mesmo tempo, o autor propoe que a mistura de raças em um mesmo ambiente tende a desenvolver a promiscuidade, a perda da moral e levar o homem à degeneração.Pensamento delicado, não? Aulas de filosofia, lá vamos nós!

*cortiço- habitação coletiva de pessoas pobres

Memórias de um sargento de mílicias

A obra foi escrita no começo do século XIX. Esse período foi marcado, dentre outros fatos, pela vinda da familia Real (D.João VI e corte) para o Brasil, refugiados. A idéia de estabelecer ordem , mas também desordem que a familia real trouxe para o cá, são caracteristicas dos personagens. A autoria é de Manual Antonio de Almeida

A história revela Leonardo como personagem principal.Mas, apesar disso, por ter sido originalmente publicada em folhetins, os capítulos e as relações entre os personagens atuam de certa forma independente e tendo raciocinio completo.

Dentre os personagens, destacam-se o Major Vidigal, perseguidor de Leonardo, Luisinha, a moça por quem Leonardo é apaixonado, O Compadre, barbeiro padrinho que cria Leonardo , a Comadre, madrinha de Leonardo e sua defensora, Vidinha, moça que cativa Leonardo e com quem ele vive por um tempo. Por fim, Leonardo, o tipico malandro, que gosta de levar vantagem, mulherengo. Foi criado pelos padrinhos depois que a mãe traiu o pai e voltou para o Portugal e esse largou o filho com o compadre, Leonardo está sempre criando problemas e sendo perseguido. No final,  casa-se e sossega. Só na malandragem!

Iracema

Romance de José de Alencar, alguma vezes classificado como poema em prosa. O livro inteiro é cheio de vocabulário indigena e uma linguagem não muito fácil.É ideal para quem gosta de aventura e romance. Ele conta a história de Martim, guerreiro branco amigo dos índios da tribo pitiguaras, mas que perde-se na floresta e é encontrado por Iracema, jovem índia virgem da tribo tabajara. A afinidade entre os dois cresce e eles se apaixonam. Mas, a tribo de Iracema planeja um ataque contra a tribo amiga de Martim. O jovem decide fugir e Iracema vai com ele.

Depois das guerras e de muitos outros conflitos, Martim já não está tão interessado em Iracema e deseja voltar para civilazação, mas sabe que não pode levá-la com ele. Ela tem um filho dele e passa tempos aguardando sua volta das batalhas, mas enfraquece e morre. Martim parte com o filho de volta para sua terra e quatro anos depois volta para o Brasil para implantar a fé cristã nos indios.

A escrita do texto traz a relação dos europeus com indios que na época em que foi escrito serviu para valorizar as raízes do Brasil e afirmar sua identidade apos a independência.

Curiosidade: O filho de Iracema e Martim chamava-se Moacir que significa filho do sofrimento.

Capitães de Areia

Escrito por Jorge Amado, autor cujas obras receberam diversas adaptações para a televisão. Capitaes de Areia retrata o cotidiano de crianças abandonadas , em Salvador nos anos 30 e foi escrita em pleno Modernismo.

Os meninos-personagens encontram na rua a liberdade, vivendo em comum com a pobreza e a revolta contra o “mundo hostil”. Cada um deles encontra diferentes refúgios para os seus problemas e isso, apenas isso é o que os diferencia.
A obra foi perseguida por conter ideais ligados ao Comunismo (atenção nessa parte, hein!)

A cidade e as serras

Para os amantes da cidade luz, Paris, essa é uma grande obra para descobrir como era a vida na cidade no final do século XIX e comecinho do século XX. No livro, o escritor  português Eça de Queriós faz uma comparação entre a vida agitada em Paris e a calmaria da cidade de Tormes. Na realidade, o personagem principal Jacinto, troca a vida da cidade, cômoda e sem autenticidade, pela vida selvagem no campo.

Ao escrever As Cidades e as Serras, Eça, marca sua reconciliação com Portugal, pois não crítica o país como fazia anteriormente em suas obras. Isso significa, também um distanciamento do autor do estilo realista, já adotando traços modernos e simultaneamente criticando Paris e sua juventude da época, segundo ele, deslumbrada pelas ideias dos conceitos positivistas.

Vidas Secas

Apesar de ter sido publicado cerca de 70 anos atrás, Vidas Secas, carrega uma temática bem atual: a vida no sertão nordestino do Brasil. A história relata a vida de uma família em meio a pobreza, seca e fome e a tentativa de sobrevivência em meio a tudo isso.

Os capítulos do livro podem ser lidos em diferentes ordens, com exceção do primeiro e do último.Graciliano Ramos marcou o Modernismo Brasileiro pela forte crítica (ainda que indireta) a situação do país.

Antologia poética

Poesia e sua mágica, não? Sou suspeita para falar. Vinícius de Moraes e seus poemas musicados, mas também seus poemas críticos. A Antologia é uma reunião de grandes obras do autor. No caso do vestibular, eles cobram a leitura da Antologia poetica, 2ª.edição revisada e aumentada, não é apenas a Antologia Poetica nem a Nova Antologia, cuidado!

Dom Casmurro – Machado de Assis

Por fim, o livro mais comentado da Literatura Brasileira que integra o Realismo, movimento o qual Machado de Assis é ( no presente, pois a obra perdura até os dias) grande expoente.O livro trata da vida de Bento, onde esse escreve sobre adolescência, a vida no seminário e seu amor e ciúmes doentio por Capitu, a famosa personagem de personalidade ambígua.

Dom Casmurro é caracterizado como realista por conter objetividade, posição crítica e contemporainedade. A obra tem complexidade tão grande, que sempre é tema de discussão na mesas dos literários.  Eu, com meu pequeno conhecimento não ouso falar de uma obra tão grandiosa (e polêmica, eu diria),por isso, fiz uma grande pesquisa sobre a obra e filtrando os resultados, o melhor que encontrei foi o site Vestibulando Web (muito bom, por sinal) traz as seguintes afirmações sobre o livro:

– cada leitura gera uma nova interpretação

–  grande aprofundamente psicológico dos personagens

– o narrador faz afirmaçoes que o leitor não consegue distinguir se são reais ou não

– o Realismo se opoe as ideias românticas do ideal feminino , onde as personagens apresentam defeitos e estão envolvidas em temas como adultério, ambição e  vaidade.

Bom, espero tê-los ajudado. Nada substitui a preparação ao longo do ano, seja na escola , no cursinho prê-vestibular ou o estudo sozinho, mas, sempre é bom dar uma acordada nas memórias, não é mesmo? Desejo boa-sorte a todos no curso e no vestibular escolhido. Manter a calma é a melhor alternativa para uma boa prova. E lembre-se: Vestibular tem todos os anos, nada de desespero, hein!