você está lendo Síndrome de Antonieta

Certa vez denominaram-me a “Rainha do Déficit”.

Déficit que pulava a cerca do egoísmo e se manifestava no coração e na inquietação dos compromissos inadiáveis que a vida reorganizou. Déficit que escondeu o caráter num baú esquecido em algum lugar da rotina convencional, coberto por alguma semi-cena imaginária.

Eis que um dia me perguntaram o que achava da sociedade e, clara e eminentemente, respondi: “Que comam bolo!” Numa outra ocasião, vi-me queimando (em sã consciência) as injustiças repelidas em meu juízo de valor.

Será que por entre a sombra de toda a luxúria que me é colocada a frente, poderia abrir mão de três ou quatro novas carapuças que eventualmente me serviriam em troca de alguns reais ideais? Ora, que nenhuma rebeldia seja equívoca e sem causa! Paradigmas existem para consentimento. Paradoxos (sobretudo, os de alma), para dar rumo as nossas vidas. Logo, quitar as dívidas com minha paz de espírito e aparecer em festas de aniversário me parecem um ótimo começo.

Meu recado? Atrasar os ponteiros para aprender que a maior lição está em dedicar um quarto do relógio medindo palavras, outro quarto sonhando e dois amando o que é passageiro e lhe oferece ombros todos os dias.

Caso insistirem em me perguntar o que acho da sociedade ao meu redor, espero com toda fé responder: ” Que continuem sob meus olhos e minhas asas”.