você está lendo O “big boss” e a minha independência!

cronica-bruna-vieira

Eu nunca fui do tipo de garota que se apaixona fácil. Ao contrário de quase todas as mulheres que conheço, pra mim, a solidão sempre foi uma boa companhia.  Desculpa aí Walt Disney, mas eu não vejo um príncipe encantado em cada cara olha ou se preocupa comigo.  Para falar a verdade, sempre vi a maioria dos homens como mulheres, só que sem salto alto e inveja. Depois do último ano colegial, quando minha (pseudo) melhor amiga tentou roubar o cara que eu gostava e o cara que eu gostava espalhou mentiras sobre o formato do meu peito, aprendi que, algumas vezes, mais vale um homem do lado, te ouvindo do que um te beijando e dizendo o que fazer.

Não pensem que tenho dúvidas em relação a minha sexualidade. Apesar de achar sexy as curvas femininas, gosto mesmo é de homem, de homem de verdade. Daqueles que abraçam forte e não ligam para o que pensam os amigos.

Julgavam-me exigente demais.

Sempre gostei da minha independência. De abrir  meu apartamento e de ter a certeza que ele estará ali, exatamente como eu deixei.  Andar de sutiã pela casa e não me preocupar com a porta do banheiro. De ligar para os amigos do trabalho e poder marcar qualquer coisa, a qualquer hora sem pedir autorização ou deixar recado em post it na geladeira.

Tudo ia assim, perfeitamente bem, até que no fim de uma reunião de rotina, o meu chefe pediu para que eu continuasse na sala. Ele não era daqueles caras de terno e gravata que a gente olha na rua e aponta, aquele é chefe de uma empresa. Na verdade, seu rosto juvenil, mais parecia de um estagiário assustado.  Eu não era a jornalista mais antiga da revista, mas eu trabalhava tempo suficiente para conhecer o cara que dá as ordens.

Nós obviamente tínhamos amigos em comum, então era normal encontros casuais em festas e conversas acompanhadas de bebidas e risadas. O “big boss” (como eu costumava a chamá-lo) era um cara engraçado que sabia como fazer com que as pessoas se envolvessem. Quer dizer, todas as piriguetes novatas davam mais que atenção – se é que vocês me entendem – para o pobre coitado. Eu só observava ele dispensar, uma a uma – Se o próximo parágrafo não existisse, tenho certeza que você duvidaria da sexualidade dele.

Enquanto eu arrumava a pasta e colocava em ordem os papéis da apresentação, ele me observava sem disfarçar. As meninas do prédio juravam que ele era apaixonado por mim, mas até então, aquilo tudo não passava de especulação feminina – e vontade de me ver levar um fora daqueles bem dados.

– Sabe, desde que você entrou por aquela porta algo mudou na minha vida. E eu não estou falando da quantidade de dinheiro na minha conta no banco ou das flores vermelhas que você insiste em colocar na minha mesa, estou falando de como eu me sinto. Nunca fui bom com declarações, acho que se diz isso, foi nos dias das mães e no primeiro ano do colégio. Gosto da sua maneira de ver o mundo. Da maneira com que se veste, com que sorri e com que usa esse batom vermelho chamativo.  Sua alegria é uma espécie de mistério, um mistério que jamais consegui decifrar, mas sempre quis fazer parte.

E no final, no lugar do ‘eu te amo’, ele disse o que eu sempre quis ouvir:  Você não é como as outras garotas.

O  “big boss” gostava de mim, justamente porque sabia que eu sobreviveria sem ele e o seu ‘para sempre’.