Carta às cores

27 de setembro de 2010
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É o seguinte: eu pensei seriamente em formalizar tudo o que segue em uma carta. Mas meu caso parece muito mais urgente. Desde que você deu a entender um ‘adeus’, bem sutil, eu nunca mais encontrei minhas cores e a minha graciosidade de volta. Elas sumiram! E hoje meu diário vive infestado de letras de música, porque já não tenho mais ânimo nem borboletas voando dentro de mim para escrever.

Os últimos manuscritos são de você e ilustram esse teu sorriso ora tolo, ora sério, que, admito, me fez de fantoche. Sinto que você deixou nosso quadro pela metade e além de me largar nessa linha tênue do cinza, levou junto o meu jogo de giz! Então, querido, trate de devolver, um a um, do jeito que pegou. Eu preciso, mais do que nunca, me sentir como uma musa de novo. De ter minha inspiração do dia e poder parecer indiferente com a certeza das flores no final de cada espetáculo.

Olhar no espelho e questioná-lo do quão importante é a minha aparência só pra cruzar alguns corredores do teu lado.  Os lugares precisavam ver o meteoro de ímpetos que nós éramos! Você me aceitou sem minhas devidas apresentações, e assim como eu, não cobrou explicações sobre quem eu sou e porque falo o quero dizer. Fomos sonho e intenção. Mutualidade e risadas. E no meio desse mix, floriamos a mais cômica das confusões.

Hoje percebo que as coisas não foram tão claras porque nunca, realmente, quisemos por fim naquele verão. Entenda que eu não te quero de volta, só peço minha empolgação! Devolva-a. Você sabe que mesmo nesse cenário desbotado que a nossa história segue, as coisas continuam tão mais lindas com você, meu inesperado certo, minha melhor ilusão.