você está lendo Um (Quase) Centenário Ineficaz

Como de praxe, a educação no Brasil era um direito apenas das classes mais abastardas. Então, no ano de 1911, surgi um homem com uma idéia aparentemente espetacular: a partir daquele momento, o único critério que poderia decidir o direito de ser educado no ensino superior era o conhecimento de cada um, não seu poder aquisitivo.

Pronto, eis que surgi um novo herói nacional!

Errado.

Quando o – na época – Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Rivadávia da Cunha Corrêa, instituiu o uso do concurso vestibular para todo o Brasil, garantindo o direito de todos ao ensino superior, não imaginava que seria um dos homens mais odiados da historia do país.

Mas a verdade é que se você é vestibulando – ou será algum dia – a culpa de todos os seus sofrimentos resumisse a uma prova que coloca em jogo todos os seus sonhos. Uma verdadeira guerra travada contra um monstro invisível, que desperta o seu pior e seu melhor, para a qual nós preparamos durante toda uma vida e, na hora do combate, todo o seu arsenal resumisse a uma caneta, o nervosismo e um x que pode mudar tudo.

Outra verdade, é que nenhum de nós está realmente preparado para este desafio. Ninguém é capaz de absorver todo o conhecimento. Todas as alternativas querem te induzir ao erro. Seus hormônios não facilitam em nada o processo. Não há vagas suficientes. Só os melhores serão os aprovados, e caso este não seja o seu resultado, a sensação de todo um esforço sem resultados será seu desterro.

O vestibular decididamente não é um critério de avaliação eficaz. Aliás, está entre os piores critérios existentes. Como uma única prova, pode decidir o futuro de uma pessoa? Como uma única prova pode classificar as pessoas como boas ou ruins? Se a educação é um direito de todos, porque todos não tem uma vaga garantida no curso que desejam? E onde está a justiça quando uma pessoa que se esforçou a vida inteira para um mesmo objetivo teve um problema e não se saiu bem, e outra que simplesmente marcou questões ao leu consegue uma vaga?

E mesmo após tantas questões sem respostas, o vestibular continua sendo a única maneira de avaliação deste país. E mesmo após quase cem anos, ninguém se prontificou a mudar esta realidade, ou mesmo responder a tantas dúvidas e frustrações.

A última verdade é que nem todas as idéias inovadoras, são o melhor para todos.