você está lendo Foi só naquele dia

Coração na boca, mãos suadas, respiração intensa, o clichê de sempre: você está apaixonada. Só que dessa vez é por alguém que mal sabe da sua existência, o chamado amor platônico. Acontece andando na rua, num lance de escada, saindo do ônibus. É olhar para o lado e ver que tem alguém te olhando, mas não do jeito que você olhou. Alguns segundos bastam pra você cair de amores, procurar tudo sobre ele na Internet, investigar a vida pessoal. Eis que você o acha no orkut, e vocês começam a conversar. Vocês viram amigos. Eu chamaria isso de pseudo-amor-platônico, já que na maioria desses amores o cara nem sabe que você existe. E como há uma amizade entre vocês, eu diria que mais da metade do caminho já está andado. Mas você quer ficar parada. A questão é que, como num bom amor platônico (ou pseudo-platônico) que se preze, ele não faz a mínima idéia de que você gosta dele. É nessa hora que aparece a dificuldade de amar. A relação de amizade é tão bonita a ponto de você ter medo do que sente. É difícil olhar nos olhos dele e ter que escutar com quem ele passou noite passada. É pior não escutar. Com isso, o que era pra ser uma relação saudável e primeiro passo para um namoro sincero, começa a ser assombrado pelo fantasma da indecisão, que é a amizade, amor, medo e dificuldade em uma palavra só. Isso tudo implica para um afastamento inevitável entre vocês – que no fim você verá que foi saudável. As conversas diminuem e as promessas de “vamos combinar alguma coisa” não vingam. Nunca vingam. O amor vai sumindo, sumindo, sumindo. Vira um grão de açúcar no seu coração amargo. E, magicamente (na teoria), você desencanta. Isso é algo tão natural que seria uma grosseria eu dar qualquer conselho nesse texto. Porque você sempre (re)começa a querer outras coisas, outros caras. Lembra de tudo com carinho, mas prefere do jeito que ficou. Porque você sabe que, apesar de tudo, não passava da menina que ele viu saindo do ônibus certa vez.