você está lendo enquanto isso no elevador.



estava destraida, com o fone no ouvido e pensamentos longe.

escondida atrás do óculos de sol, caminhava pelo prédio, rumo ao elevador.

sussurrava sem perceber a letra de uma certa musica, enquanto chamava o elevador, sentiu então aquele perfume de novo, sim ela não poderia estar enganada. Era como se o tempo não tivesse passado, de alguma maneira aquele perfume, despertava de novo, o que ela pensava já ter morrido a tempos. Não queria olhar para trás… e se quer saber nem precisou. Aquela sensação era inconfudivel, aquela presença inesquecivel.

Ela já estava em uma outra vida, e ele na mesma de sempre. Era como nos velhos tempos, ela sabia de tudo, como sempre. Mas sentia que o tempo mais um vez teria apagado todo o ódio, e deixado apenas a saudade e a vontade, vontade de viver o que nunca aconteceu, o que nunca foi real.

então, interrompendo aquele silencio, a porta do elevador se abre.

ela queria que ele entrasse, mas tinha medo. medo do que ela poderia dizer, medo do que ela poderia fazer. Depois de tanto tempo, de tantos dias sem dormir, de tantas cartas e lembranças jogadas fora. Séra que valia a pena deixar com que em um instante, tudo voltasse a ser como nos velhos tempos? um passo a frente, então ele entrou logo em seguida. o silencio, era inevitável. Mas eu sei, naquele momento, as palavras refletiam os olhares, e gritavam em seus corações. quando derrepente, a musica, começou a tocar. sim, era a musica deles, e o som vinha da bolsa dela. Talvez ela tenha feito de propósito, mas isso nunca iremos saber. Aquele era o sinal, ele deveria fazer alguma coisa.

“olha, você não precisa dizer nada.

apenas me deixe olhar para o seu sorriso,

você sabe que ele é o meu raio de sol.

e a muito tempo, eu só tenho conseguido observar as estrelas de longe…”

e então, só se conseguiu escutar uma tentativa de resposta.

Ela queria ser groça, mas o máximo que conseguiu, foi pegar nas mãos dele.

Era o primeiro toque, depois de muitas despedidas.

ele ainda estava usando a aliança, ele queria gritar, e dizer o quando ele era estúpido. mas o máximo que conseguiu, foi dizer.

“você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo,

mas é também a pessoa, que eu devo estar mais distante.”

e então, por um momento se rendeu a sensação.

tocou seus lábios, e olhou dentro dos seus olhos.

jamais teve essa coragem.

mas aquele era o momento.

– pronto, agora você pode voltar para a sua, noite “estrelada”.

e se acostume, pois o brilho do seu sol

jamais iluminara,

essa sua solidão sem sentimentos,

mais uma vez.

a porta do elevador então se abre,

e ela vai embora,

se foi por acaso, não vem ao caso.

estava apenas seguindo o seu destino,

e levando consigo

o brilho,

que talvez

ela nunca saiba,

o que seja de verdade.

 Aqualung – Brighter Than Sunshine